A Opinião de André Loureiro

Presidente do PSD da Batalha

Passados seis meses de mandato autárquico, afinal o que mudou?

A nova gestão autárquica do nosso município já leva mais de seis meses de funções, tempo suficiente para revelar as novas propostas que efetivamente pretende realizar até ao final do mandato e, não menos relevante, por governar com maioria absoluta, que transformações são hoje conhecidas no modelo de desenvolvimento local.

Com facilidade podemos reconhecer que a expetativa gerada em torno da nova equipa era muito elevada, o projeto político liderado por Raul Castro, ex-deputado do Partido Socialista, autarca com mais de trinta anos de experiência, a que se juntam outros políticos locais com dezenas de anos de funções na autarquia, pelo que seria de esperar o surgimento de novos e inovadores projetos para a nossa terra, até porque, nos últimos anos, o anterior executivo teve que orientar a sua ação para combater a pandemia da Covid-19, apoiando as famílias, instituições e as empresas locais.

A pandemia já passou – ou pelo menos já não está nas prioridades locais -, os recursos financeiros afinal existem, mas os novos projetos estruturantes que iriam revolucionar o concelho tardam em acontecer, embora, com justiça, algumas decisões foram tomadas.

Neste meio ano, a autarquia conheceu importantes mudanças na sua organização, a maioria dos lugares de direção municipal foram substituídos por pessoas de fora e da confiança política do novo presidente, o que sendo questionável, constitui uma opção legítima de quem governa com maioria absoluta. Também, é publico, foram criados novos lugares de chefia e até o cargo de diretor de departamento, para além de vários contratos serviços externos de equipas de consultores para apoiar a nova gestão municipal.

O tempo já decorrido de mandato também fica marcado pela suspensão ou reversão de vários projetos em curso e financiados por fundos europeus, para avaliação – numa primeira fase, ou para simples mudança de designação. Assim foi, com a futura creche municipal, a reabilitação da “Casa da Obra” para residência de estudantes, o novo pavilhão municipal de São Mamede, a requalificação da antiga escola primária Cândido da Encarnação para a Casa do Mimo, a ciclovia urbana da Batalha ou a ecovia do Vale do Lena, tudo obras em curso, com financiamento garantido e que foram abandonadas nesta primeira fase.

Também aqui há que referir a evolução registada na retoma da maioria de alguns projetos e com isso garantindo que o município não vai perder fundos europeus, até porque são boas iniciativas, naturalmente suscetíveis de ajustamentos pelas novas equipas de dirigentes, mas é relevante para o desenvolvimento local garantir o seu prosseguimento no objetivo de apoiar as famílias e o desenvolvimento sustentável do nosso concelho.

Outra decisão marcante deste início de mandato foi a opção de acabar com o serviço de abastecimento de água gerido pela empresa Águas do Lena, concessão que já leva 25 anos e com elevados níveis de qualidade de serviço e de investimento na rede municipal de águas. Nos próximos meses, anuncia-se a criação de uma nova empresa municipal para gerir esta área essencial às populações. É uma mudança que terá seguramente efeitos nos níveis do serviço e impacto nos custos para a autarquia. Resta saber se não terá repercussões no preço da água e da qualidade do serviço prestado à comunidade.

Numa palavra, e procurando ser justo na avaliação, há que reconhecer que algumas áreas da governação local tiveram fortes mudanças, outras nem tanto e algumas até estavam - afinal - bem feitas. Resta saber se as mudanças realizadas ao nível dos dirigentes municipais e da concessão da água são projetos suficientes para um território que ambiciona crescer e desenvolver-se com ações inovadores nas áreas ambientais, sociais e económicas, como sucede com os municípios vizinhos.


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