A Opinião de Pedro Marques

Membro da Iniciativa Liberal

Meio Ambiente: para quando uma conversa séria?

Os flagelos ambientais no nosso Município

Apesar da nossa pequena dimensão, a Batalha é recorrentemente assolada por desastres ecológicos.

Por um lado, existem os casos mais marcantes e de curta duração, como os grandes incêndios de 2003 na freguesia do Reguengo, dos quais nunca recuperámos. E, mais recentemente, em 2017, arderam mais de 200 hectares em São Mamede. Por outro, temos situações que perduram há décadas, cuja resolução parece impossível. É o caso das constantes descargas de efluentes no rio Lena, que advêm das explorações suinícolas. Na região de Leiria, os efluentes das suiniculturas enchem 320 piscinas olímpicas, todos os anos.

E temos ainda exemplos mais silenciosos, mas que cá estiveram sempre. A poluição atmosférica que advém do IC2, no qual passam 14 mil veículos por dia, destrói lentamente o Mosteiro da Batalha e o ar que respiramos.

 

Os passos positivos dados

A cada atentado ambiental que acontece, o primeiro passo é denunciá-lo aos cidadãos. Isso tem sido feito e os munícipes são hoje cidadãos mais conscientes das ameaças poluidoras que os afetam.

Outra iniciativa importante passa por tentar obter apoio político na resolução de problemas que não podem ser solucionados a nível municipal. A câmara tem mostrado essa intenção.

 

Uma perspetiva liberal para o que falta fazer

Apesar das vontades, todos reconhecemos que continuamos à mercê de todas estas catástrofes ambientais. E se não as podemos evitar, podemos mitigá-las.

Para começar, as iniciativas de conservação e reparação ambiental têm de ser contínuas. Além disso, é necessário recolher e reportar dados sobre o progresso das mesmas. Só assim se pode averiguar a sua eficácia. Tal não aconteceu na campanha “Reflorescer Batalha", uma campanha de reflorestação de resposta aos incêndios de 2017 no concelho.

Apesar do mérito da iniciativa, não foi publicado o número de hectares replantados, não se abriu a possibilidade a financiamento privado para reduzir os custos camarários, não se pensou em reflorestar as áreas ardidas em incêndios anteriores. E, se foi pensado, não se sabe.

Outro exemplo aplica-se à poluição atmosférica em frente aomosteiro. Após a construção da barreira, uma solução que é vista como um penso rápido numa ferida completamente exposta, deixou de se noticiar o impacto das chuvas ácidas no nosso monumento. É de extrema importância estudar o real efeito do “muro verde” e reinsistir na eliminação de portagens para veículos pesados na quase inutilizada A19.

É ainda preciso liderar o consenso sobre a abordagem a tomar quanto às descargas ilegais para o rio Lena e rio Lis. Independentemente de a solução passar pela construção de uma ETES ou pela injeção de efluentes nos solos agrícolas, uma solução para toda a região apenas será possível com um consenso intermunicipal. Só assim se vai conseguir mobilizar o investimento necessário do Estado Central.

Mas a contaminação dos leitos e dos solos vai muito além das suiniculturas. É necessário expandir a rede de saneamento, porque um em cada cinco batalhenses não é servido por um sistema de esgotos.

Por fim, a valorização ambiental passa por envolver os batalhenses na conservação da natureza. Passa por executar os percursos pedestres das “Pedreiras Históricas”, no Reguengo, e do “Vale do Lena”, na Golpilheira, que foram prometidos pelo PSD há quatro anos. Passa por fazer ciclovias não betuminosas nas margens do rio Lena. Passa por dar relevo a projetos de observação e conservação da natureza como o Aves da Batalha. Passa por expandir a rede de ecopontos.

Em suma, há muito a fazer.

 

 

 


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