João Ramos

Fisioterapeuta

Doença de Dupuytren

A Doença de Dupuytren foi descrita pela primeira vez há cerca de 400 anos pelo médico suíço Felix Plater, embora mais reconhecida a partir da descrição do cirurgião francês Baron Guillaume Dupuytre, anos mais tarde, o primeiro a descrever o tratamento cirúrgico desta patologia. Trata-se de um tumor desmóide/fibromatose palmar resultante da fibroproliferação dos tecidos, podendo conduzir à contração em flexão incapacitante da mão, impossibilitando o doente de realizar as mais simples atividades da vida diária.

A prevalência da Doença de Dupuytren aumenta com a idade, sendo mais frequente a partir dos quarenta anos, com o ratio homem/mulher de seis para um. A prevalência da disfunção é variável de acordo com a localização geográfica, sendo superior no Norte da Europa (conhecida como a “doença dos Vikings”) e pouco comum na Ásia e África. Dupuytren resulta de uma simbiose entre fatores genéticos e ambientais. Estudos demonstraram que o tabaco e o alcoolismo elevam o risco de desenvolver a doença.

Associações estatisticamente significativas foram também efetuadas entre a Doença de Dupuytren e a Diabetes mellitus.

No aparecimento da doença há um espessamento e retração da pele, que adquire um aspeto enrugado, com reentrâncias, o que não deve ser confundido com calosidades. Posteriormente os doentes podem notar o surgimento de nódulos. Alguns doentes referem sensibilidade ao toque, sensação de prurido ou queimadura. Com o desenrolar da doença os nódulos podem progredir para cordas estáticas, contraídas e fixas à pele subjacente, por vezes incapacitante. O doente fica com a limitação de colocar a mão reta sobre uma mesa.

A doença não costuma causar dores mas em termos funcionais pode levar a incapacidade para abrir os dedos; origina dificuldades para o doente ao lavar-se, colocar luvas, cumprimentar outras pessoas e colocar a mão no bolso.

Por ordem decrescente de frequência, o dedo mais atingido é: anelar, quinto dedo, terceiro dedo, segundo dedo, e por fim primeiro dedo. Geralmente a doença inicia-se na palma e propaga-se para os dedos, mas é possível estar apenas na palma ou apenas nos dedos ou em locais ectópicos como nódulos de Garrod.

Na maioria a doença progride lentamente, durante anos. Cerca de metade dos doentes com nódulos desenvolvem cordas, e destes apenas alguns necessitam de tratamento cirúrgico. A bilateralidade está presente em aproximadamente cinquenta e nove porcento dos homens e quarenta e três porcento das mulheres com a doença.


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