A Opinião de António Lucas
Ex-presidente do Município da Batalha
Verão, floresta e fogos florestais
Volto novamente a este tema, pela sua importância para o país em geral e para o concelho da Batalha em particular. Continuo convicto que existe uma solução exequível, possível e barata, para resolver o problema ambiental e económico da floresta portuguesa, acabando definitivamente com os grandes fogos florestais e transformando a floresta numa fonte de rendimento.
Dirão, descobriu-se a pólvora! Nada disso. Basta pegar na experiência vivida e praticada pelos mais antigos, gerindo a floresta de forma correta e profissional. Fácil e barato. A lei existe, sendo só implementá-la no terreno. Dá trabalho, claro que sim, mas compensa e muito. A solução chama-se ZIF - zona de intervenção florestal. Mais não é que um condomínio florestal, gerido por profissionais, que prestam contas aos condóminos, que mais não são do que os proprietários dos terrenos florestais inseridos em cada ZIF. Estamos num concelho de minifúndio, em que a floresta só dá chatices e prejuízo, logo, cada vez que se tem que tratar da sua limpeza, surge mais uma grande dor de cabeça e uma grande despesa. Como se trata de pequenas parcelas, o resultado será sempre o mesmo, neste modelo de gestão, o prejuízo certo e garantido e de tempos a tempos um incêndio.
No concelho da Batalha o processo ainda será mais simples, uma vez que temos grandes áreas de baldios, especialmente nas freguesias do Reguengo do Fetal e de S. Mamede, que têm as maiores áreas florestais.
Este é um projeto que faria todo o sentido ser alavancado pela câmara em conjunto com as comissões de compartes de baldios, criando associações de produtores florestais e ZIF, com a participação dos proprietários privados. Dirão, mas e se os proprietários não quiserem participar? Têm esse direito. Apenas terão que manter a sua floresta limpa e ordenada, suportando os custos individualmente.


Em fevereiro de 2014 apresentei na Assembleia Municipal da Batalha uma proposta para criação destas estruturas no concelho, tendo sido aprovada, por unanimidade. O que é que a câmara fez? Nada. Bastava funcionar como alavanca, até porque existem fundos comunitários para estes projetos. Portanto, até o problema na maioria das vezes mais difícil de resolver, o dinheiro, não se colocaria. Mas mesmo que fosse este o problema, olhamos para projetos de interesse coletivo tremendamente duvidosos e com verbas vultosas associadas, que bastava um desses não se realizar para se resolver o problema das florestas e dos fogos.
A floresta ordenada e gerida profissionalmente de forma competente daria lucro aos proprietários, por via da madeira, da biomassa florestal, dos rebanhos de cabras, etc e daria um ganho ambiental enorme e a médio prazo o país deixaria de gastar dinheiro com os fogos florestais e todos sabemos que anualmente são gastos mais de uma centena de milhões de euros com os fogos, sem falar nos anos de grande fogos, como o de Pedrógão Grande.
Dirão alguns, mas o autor do texto foi presidente da câmara muitos anos e o que fez? Bem tentei, simplesmente a lei não facilitava, ou melhor, complicava muito a implementação em concelhos pequenos, como o nosso. Muito pressionei diversos governantes do PS e do PSD/CDS, até que finalmente, em finais de 2013, sendo ministra da Agricultura a Assunção Cristãs, a lei das ZIF foi alterada, criando todas as condições para a sua fácil implementação no concelho da Batalha. Por isso mesmo, em fevereiro de 2014 apresentei a proposta anteriormente referida a assembleia municipal.
E como mais vale tarde do que nunca, aqui fica, mais uma vez, esta ideia simples e eficaz, esperando que desta feita a câmara avance com ela.
Não interessa de onde as ideias vêm. O que interessa, sendo elas boas, como será o caso, é colocá-las ao serviço da população.
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