Núcleo de Combatentes da Batalha

Notícias dos Combatentes

Ventos de mudança?

Por norma, este espaço, que o Jornal da Batalha concede mensalmente ao NCB, é prioritariamente utilizado para divulgação de temas que mais diretamente dizem respeito aos combatentes. Porém, de quando em vez, fazemos incursões por outras áreas, designadamente a da política.

Ora, considerando que as eleições autárquicas do dia 26 de setembro, na Batalha, provocaram uma espécie de terramoto político na governança do concelho, naturalmente que tal acontecimento não nos poderia passar ao lado, dada a importância que tem para todos os munícipes batalhenses, nos quais se inclui a maioria dos associados do nosso núcleo, sejam combatentes ou não.

Até ao dia 26 de setembro, a Batalha pertencia a um grupo, cada vez mais restrito, de municípios que, desde a restauração da democracia em Portugal, em 1974, sempre tinha sido governado por uma determinada corrente política, no caso partidos ditos conservadores ou de direita, em concreto, o PPD/PSD e CDS/PP, embora, estatutariamente, o PSD se auto designe de social-democrata.

Como sabemos, foi o PSD quem iniciou essa saga, ainda antes das primeiras eleições autárquicas livres, ocorridas em 1976. Depois de cerca de uma quinzena de anos no poder, Francisco Coutinho foi vencido, em 1989 (salvo erro) pelo “independente” Raúl Castro, em representação do CDS e com o apoio oficioso do PS.

Após dois mandatos (8 anos), não se recandidatou, mas o seu “braço direito”, António Lucas, dá continuidade à “dinastia” CDS por mais qautro anos, findos os quais aceitou o convite do PSD e, por este partido, cumpriu mais quatro mandatos, atingindo o limite possível.

Em 2013 sucedeu, naturalmente, a António Lucas, o militante e presidente da concelhia do PSD, Paulo Batista dos Santos que, subitamente, acaba de ver interrompido o seu percurso, ao ser batido nas urnas por alguém de quem este partido só deve ter más recordações: Raúl Miguel Castro!

Como acima escrevemos, em 1989 Raúl Castro ganhou as eleições a Francisco Coutinho e assume a presidência da câmara da Batalha. Dois mandatos depois, ambicionou voos mais altos e, de novo como independente, mas então em representação do PS, avançou para Leiria, onde governava o PSD, que não seria fácil de vencer, porque o concelho de Leiria também era bastante conservador, como os resultados eleitorais vinham revelando, desde o “25 de Abril”.

De facto, o “osso” foi duríssimo de “roer”, pois só em 2009 o objetivo foi alcançado. Mas Raúl Castro persistiu e conseguiu e, como na Batalha, a “vítima” voltou a ser o PSD.

Quando, em 2019, Raúl Castro deixou a câmara de Leiria para ir ocupar o lugar de deputado na Assembleia da República, não nos espantaria se os responsáveis do PSD houvessem respirado de alívio, deduzindo que, finalmente, se viam livres deste temível adversário.

Mas eis que, inesperadamente, no início deste ano, o “cavalheiro” vai “cirandando” pela Batalha, deixando passar a ideia de que estava de volta para tecer novo combate, tendo em vista a “reconquista” do “bastião batalhense”, agora à frente de um movimento de cidadãos independentes!

Calculamos que, devido aos antecedentes, o PSD não terá, minimamente, menosprezado o adversário e se preparou devidamente para não voltar a ser vencido por ele! O (re)candidato do partido era batalhense e um político experimentadíssimo e, desta vez, não haveria fragilidades nem “rabos de palha” a ensombrar o caminho, como, de certo modo, acontecera com Francisco Coutinho e Isabel Damasceno. Não haveria uma 3ª vitória para Raul Castro.

E, de facto, nunca a Batalha assistiu a umas eleições autárquicas tão renhidas, sendo também sabido que, normalmente, quem está no poder parte em vantagem, pois dispõe de recursos que os adversários não têm. De facto, o PSD e os seus candidatos terão utilizado todas as “armas” de que dispunham no “combate”, quiçá até tendo “driblado” uma ou outra “convenção “genebriana”, segundo queixa à CNE, feita pelos adversários.

O problema é que do outro estava Raúl Castro, um combatente (literalmente, pois foi-o na Guiné), persistente, tenaz e destemido e, no final, voltou a ganhar mais este épico combate, o terceiro contra o PSD! Caramba, é obra! Mas em democracia é mesmo assim: a “voz” do povo é soberana.

Mas se este não é um “case study” não sabemos que outro fenómeno o poderá ser!

Parabéns aos vencedores e honra aos vencidos.

Viva a Batalha, os batalhenses e os combatentes!


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