Francisco Oliveira Simões (Historiador)

Crónicas do passado

Vasco Fernandes Lucena

Vasco Fernandes Lucena nasceu numa região espanhola chamada de Lucena em inícios do século XV. Fixou-se na corte do Rei D. Duarte no ano de 1433. Dois anos depois assistiu ao Concilio de Basileia, tendo, na mesma data, dedicado uma oração de louvor ao Papa Eugénio IV, em Bolonha.

Era um cronista muito viajado, partindo para Roma, França, Castela e Borgonha, com o ofício de embaixador especial. Foi uma figura de grande relevo na corte de D. Afonso V e de D. João II, onde ocupou os cargos de cronista-mor, Presidente do Desembargado do Paço, membro do Concelho régio, mais tarde deram-lhe o título de Conde palatino. Acabou a sua vida em finais do século XV, com uma idade invulgar para a época, sendo um cronista do século XV por excelência.

Realizou algumas obras literárias de cariz histórico, político e cultural, de entre os seus escritos podemos destacar: Orações para a Abertura das Cortes de Torres Novas e de Évora redigidas nos anos de 1438 e 1481 respetivamente; Oração a Eugénio IV; Oração a Inocêncio VII, levada a cabo no ano de 1485. A pedido do seu amigo e mecenas o Infante D. Pedro, traduz para português as obras clássicas, Oração, de Plínio, De Senectute, de Cícero, já no reinado de D. João II traduziu uma das quatro orações latinas de Deão de Vergy e de Jean Jouffroy, que pronunciaram na corte do Rei D. Afonso V, nos anos de 1449 e 1450.

Para Vasco Fernandes Lucena a História tinha um valor incontornável na ação presente, sendo para o experiente cronista, encarada como forma de ensinamento construtivo para a vida, seguindo a linha de pensamento ciceroniano. Também encarava a ciência histórica como forma de esperança e coragem no futuro, relembrando as épocas áureas da nossa civilização. Além do papel de diplomata e tabelião, também exerceu funções jurídicas, pois era licenciado em Direito.

A sua imagem no panorama português é vista como uma nova perspetiva das letras e das ciências, abrindo caminho para o estudo humanista, que nos trouxe na tradução dos clássicos o Renascimento das ideias.

 


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