Núcleo de Combatentes da Batalha
Notícias dos combatentes
“Uma princesa não fuma”
O título deste artigo tem a ver com uma campanha anti tabágica, da autoria de duas jovens estudantes, que vai decorrendo no no país, mas que, pelos vistos, está a fazer brotar por aí umas quantas “virgens ofendidas”. Enfim, ao menos que estas surjam só entre quem fuma.
Entretanto, os combatentes também são cidadãos (quase todos considerados de 2ª, mas, enfim…) e, nessa condição, não são, nem nunca serão, indiferentes aos problemas que os rodeiam e que, transversalmente, afetam toda a sociedade, pelo que hoje optámos por debitar uns “bitaites”, igualmente sobre o tabagismo.
Conforme é sabido, a planta do tabaco é originária dos Andes, tendo-se espalhado, desde tempos imemoriais, por todas as américas, através das migrações dos povos ameríndios que, em particular, a usariam para fins terapêuticos.
Foram os espanhóis que trouxeram a planta para a Europa, após terem iniciado a conquista de grande parte da América do Sul e Central, a partir do início do século XVI. A planta rapidamente se popularizou, mascando as suas folhas ou desfazendo-as em pó e inalando (rapé).
A partir de meados do século XIX intensificou-se o seu uso, mormente aspirando o seu fumo, sob a forma dos ainda atuais cigarros, charutos, cachimbo, etc.
Em particular o uso do cigarro tomou proporções ciclópicas a partir da Grande Guerra (1914-1918), sendo que o aparecimento do cinema também deu um contributo imenso ao seu consumo, particularmente entre as mulheres das classes mais privilegiadas, dados os exemplos que tinham nas grandes divas da 7ª arte, sendo chique imitá-las, fumando os seus cigarros através de boquilhas, em poses de mulheres fatais.
Até que em 1960 foram publicados os primeiros relatos científicos que relacionavam o tabaco com o aumento da incidência de cancro, enfarte, agravamento dos problemas pulmonares e outras doenças relacionadas com os fumadores habituais. Porém, com o advento da televisão, que permitia aos produtores e indústrias do tabaco publicitar o uso deste como algo de normal, ou até mesmo benéfico e quase imprescindível para quem queria ser importante e ter estatuto, aquelas advertências caíram em “saco roto”.
Só a partir do início da década de 1980 se começou a abordar, com alguma seriedade, os reais malefícios do tabaco, mas a força das indústrias tabaqueiras era (e continua a ser) enorme e parece que pouco tem sofrido com as campanhas anti tabágicas, mesmo nos países mais desenvolvidos e até apesar de, em 2005, a UE ter decretado a proibição absoluta da publicidade ao tabaco nos países que a integravam.
Portugal também começou a olhar para o problema com “olhos de ver”, até que em Janeiro de 2008 foram promulgadas leis bastante restritivas, não só referentes à publicidade, locais de venda, etc, mas em especial à proibição de se fumar em recintos fechados, cenário que afetava centenas de milhares de não fumadores, os chamados fumadores passivos, muitos deles, por esta via, ainda mais sujeitos aos efeitos perniciosos do tabaco que os próprios fumadores.
A verdade é que, apesar de todas as campanhas e restrições, o consumo do tabaco não tem diminuído significativamente, constatando-se, ainda, este paradoxo: são as pessoas mais idosas que, apesar de serem as menos cultas, mais têm vindo a deixar de consumir tabaco, enquanto continua a aumentar o número de fumadores entre jovens e adolescentes, a geração mais culta do país, e com prevalência nos do sexo feminino, apesar das mulheres continuarem a atingir a maturidade bem mais cedo que os homens! Mais um paradoxo, sem dúvida.
A realidade é que o tabaco é responsável por 10,6% das mortes em Portugal, matando um português a cada 50 minutos. Já agora, e para que conste: são 9, os membros, todos ex-militares, entre os 47 e os 77 anos de idade, que compõem os órgãos sociais do Núcleo de Combatentes da Batalha. Por acaso (ou talvez não) nenhum deles é fumador.
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