Ana Ribeiro

Médica Interna de Medicina Geral e Familiar USF Condestável

Um olhar sobre a Fibromialgia

A Fibromialgia é uma doença crónica e flutuante que se carateriza por dor musculoesquelética generalizada e por um aumento da sensibilidade a estímulos externos, dolorosos e não dolorosos. Esta patologia, afeta cerca de 2-4% da população, sendo mais frequente em mulheres. As suas causas não estão bem estabelecidas. Sabe-se, no entanto, que está associada a um aumento da sensibilidade à dor e que o stress psicológico parece favorecer o seu aparecimento.

O sintoma predominante na Fibromialgia é a dor musculoesquelética generalizada, mal definida, de intensidade variável, algumas vezes acompanhada por formigueiros, tremor e sensação de rigidez das articulações e músculos. Outros sintomas frequentes nestes doentes são, o cansaço e sensação de esgotamento físico, a perturbação do sono, o défice de memória e dificuldades de concentração. A coexistência da Fibromialgia com outras patologias como, síndrome da fadiga crónica, depressão, síndrome do intestino irritável, disfunção da articulação temporomandibular, bexiga hiperativa e outras, também é comummente observada.

O diagnóstico de Fibromialgia é um diagnóstico clínico e de exclusão, não existindo exames laboratoriais ou radiológicos que possam confirmar a sua presença. Os sinais clínicos que permitem a suspeição da doença são a história clínica (dores, fadiga e alterações do sono), o aumento da sensibilidade em pontos específicos do corpo e a exclusão de outras doenças que podem simular a Fibromialgia.

Até ao presente, não existe cura para a Fibromialgia, nem uma terapêutica específica que resulte para todos os doentes. No entanto, a associação de tratamentos não farmacológicos e farmacológicos parece ser a abordagem mais eficaz. O tratamento tem como objetivos, o alívio da dor, a redução da ansiedade, a melhoria do sono e a melhoria da qualidade de vida.

Medidas de higiene do sono, como deitar-se e levantar-se sempre à mesma hora, criar um ambiente propício para dormir (quarto escuro e tranquilo) e evitar a cafeína, açúcar, tabaco e álcool ao final do dia, assim como a prática regular de exercício físico são essenciais na gestão desta doença. Os exercícios devem ser leves, sem carga, progressivos, em pequena quantidade e, idealmente, realizados diariamente. A hidroginástica em piscina aquecida, a ginástica aeróbica, o yoga, o tai-chi e o pilates são alguns dos exercícios recomendados. A aprendizagem de exercícios de relaxamento pode contribuir para a diminuição dos níveis de ansiedade, o que se traduz em menor tensão muscular e, consequentemente, menor intensidade da dor.

A Fibromialgia manifesta-se de forma diferente em cada doente e, portanto, o tratamento farmacológico deve ser individualizado. Os analgésicos, os relaxantes musculares e os antidepressivos, são alguns dos tipos de fármacos utilizados no tratamento desta doença.

A boa notícia em relação à Fibromialgia é que apesar de não ter cura e de causar grande impacto na qualidade de vida dos doentes, não provoca danos permanentes nos músculos ou outros órgãos. O desenvolvimento de um plano individualizado de autogestão, associado aos tratamentos atrás mencionados, pode ajudar o doente a aliviar alguns sintomas e a melhorar a sua qualidade de vida.


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