A Opinião de Pedro Marques
Membro da Iniciativa Liberal
Turismo, de onde vens, para que te quero
A dependência do país
No ano de 2019, representando 15.3% do PIB, o setor turístico confirmou a sua crescente importância e assumiu-se como o motor da recuperação económica no pós-troika. Não obstante, com o fim da pandemia e a completa ausência de quaisquer reformas do governo para estimular a competitividade de outros setores da economia é expectável que o turismo passe a ser a pedra angular da geração de riqueza para a próxima década. Para o país pode representar um problema. Para a Batalha, uma oportunidade.
O fenómeno do Mosteiro
Em 2019 e à semelhança de anos anteriores, o Mosteiro da Batalha foi o terceiro monumento mais visitado do país. O número de visitantes superou os 400 mil, cerca de 25 vezes a população do nosso concelho. Para colocar em perspetiva estes números, o Mosteiro de Alcobaça e o Convento de Cristo (Tomar) tiveram apenas 4x e 8x mais visitas do que habitantes, respectivamente, indicando que o Mosteiro da Batalha é largamente o monumento histórico mais atrativo da região centro.
Incapacidade crónica de o aproveitar
Tudo na nossa vila nasceu e se desenvolveu à volta do mosteiro. No entanto, a incapacidade de rentabilizar um dos monumentos mais belos deste país tem sido crônica. Segundo as estimativas, cada noite dormida por um hóspede traz entre 60€ e 120€ à economia local, dependendo do perfil do visitante. No final de 2019 havia cerca de 500 camas para turismo na Batalha, Alcobaça registava 600, Tomar mais de 1000 (dados INE). Ou seja, potencialmente apenas 1 em cada 800 visitantes ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, dorme no nosso concelho - ainda que na realidade o rácio seja efetivamente menor devido aos fluxos turísticos que vêm de Lisboa e Fátima e fazem da Batalha apenas lugar de passagem. Em Alcobaça são precisas 365 visitas e em Tomar apenas 350 para haver uma dormida potencial. Se Batalha conseguisse a mesma eficácia que Alcobaça ou Tomar na conversão de visitantes em hóspedes, teríamos um impacto positivo na nossa economia local entre 9.6 e 19.2 milhões de euros/ ano.


Uma visão liberal
Em primeiro lugar, é necessário um rumo, através da definição de uma estratégia de exploração dos nossos recursos turísticos em parceria com a DGCP, com a direção do Mosteiro, associações e indivíduos que tenham projetos para dinamizar o turismo no nosso concelho. Um plano transparente, escrutinável e com objetivos mensuráveis (como metas para o número de dormidas, de visitas, de receitas), focado na recolha de dados para que as estratégias possam ser confrontadas e continuamente melhoradas.
Em segundo, é necessário aumentar as dormidas incentivando fiscalmente a aposta na construção de novas unidades hoteleiras por agentes privados, apostando no alojamento local rural em particular em São Mamede. Além da beleza natural do Reguengo do Fetal, existem já hoje projetos, como o da Aldeia Pintada, que tornam as localidades outrora esquecidas em regiões atrativas.
Por fim, a diversificação da oferta turística é essencial para reduzir tanto o impacto sazonal do turismo bem como a dependência do mosteiro. Propomos o estabelecimento de parcerias com os Municípios de Alcobaça, Ourém (Fátima) e Tomar para aumentar o tempo de permanência na nossa região, através da promoção recíproca e intensiva de monumentos vizinhos ou do cofinanciamento de campanhas de publicidade.
Em suma, a visão liberal para o turismo na Batalha passa por colocar a câmara municipal como um agente promotor e facilitador desta atividade, não como um obstáculo, focado em maximizar o número de dormidas (ie. volume de negócios) e promover a sustentabilidade dos nossos recursos turísticos.
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