José Travaços Santos

Apontamentos sobre a História da Batalha (221)

Três temas

Malala

 

Há prémios Nobel

que foram dados com acerto,

outros nem tanto,

outros nem nada.

Os suecos da Academia

não gostam de Poesia,

está provado.

Pois, como pode um sueco,

que sobrevive congelado,

gostar de Poesia?

Raramente escolhem um poeta,

como se a Poesia não fosse literatura,

ciência, história, arte, sonho, filosofia,

tudo, tudo o que as Letras comportam.

E tantas vezes ao Prémio,

que contempla a Paz,

não são os pacifistas que importam,

apenas a ausência da guerra

ou a guerra com máscara de inocência.

Mas aquela menina paquistanesa,

que diz que dêem às crianças do seu país,

às crianças dos países iguais ao seu,

de todos os países do mundo,

uma caneta e um caderno

que as libertem da ignorância

e consequentemente das trevas da tortura,

de mil dependências e servidões,

essa menina teve o Nobel mais merecido

de todos e que todos engloba,

Paz, Ciência, Literatura,

o maior Prémio Nobel que foi dado a alguém

que mereça Prémio Nobel.

É preciso, então, fazer um abaixo-assinado

aos homens da Academia

(aproveitando para lhes lembrar a Poesia)

a pedir que a partir de agora

dêem mais prémios Nobel

aos meninos que, não tendo nada,

exijam, sem medo dos fundamentalismos

ignorantes e maus,

com o heroísmo da menina premiada,

com a sua força e a sua constância,

apenas uma caneta e um caderno

que os libertem do inferno

da ignorância.

 

A evocação da jovem paquistanesa Malala, que teve a coragem de, há vários anos, enfrentar os fundamentalistas do seu país, que a maltrataram ao ponto de ter tido a vido em risco, vem a propósito da nova escalada da violência e de extrema desumanidade com o regresso ao poder, no Afeganistão, das facções muçulmanas radicais que se vão assenhoreando de regiões e de países inteiros e, pior do que isso, da alma dos povos que têm a infelicidades de neles viver.

É uma tragédia imensa para as suas populações e um perigo, cada vez mais real, para o mundo que queira continuar livre e progressivo.

Vivemos um momento gravíssimo da história da Humanidade, com as ditaduras de novo a proliferar em todos os continentes, frequentemente disfarçadas de “libertadoras dos povos”. No meio desta imensa tragédia, que se agrava de dia para dia, temos a sorte de viver na Europa onde a democracia tem as suas raízes mais fortes. É nossa obrigação preservar este bem insubstituível, deixando-nos de extremismos que só propiciam as tiranias e a infelicidade dos povos.

Infelizmente algumas das nossas Democracias, e falo particularmente do caso português, precisam muito de ser revistas e reforçados os meios de intervenção popular, particularmente com a realização frequente de referendos decisivos (cujo modelo bem pode servir o da Suiça) com a criação de círculos eleitorais uninominais, com o fomento das cooperativas, com menor poder e mais limitada intervenção dos políticos profissionais e dos banqueiros, e com o reforço do municipalismo que deve ser cada vez mais o alicerce da participação do Povo na vida política e nas decisões administrativas.

 

 

Restaurado e reinaugurado o Museu Brasileiro da Língua Portuguesa

 

A fotografia que, com a devida vénia, transcrevo do número de 2 de Agosto último do “Correio da Manhã”, do Museu da Língua Portuguesa na cidade brasileira de São Paulo, dá-nos conta da beleza e sumptuosidade da instituição que alberga o nosso e do Brasil, e de algumas mais nações espalhadas pelo mundo, tesouro cultural mais importante. O edifício tinha ardido em 2015, perdendo-se na altura grande parte do seu valioso espólio. Imediatamente os Brasileiros meteram ombros à tarefa de o recuperar, tarefa agora cumprida. Na reinauguração, como o “Correio da Manhã” também noticiou, o nosso Presidente da República, esteve presente, mas infelizmente pouca divulgação deste memorável acontecimento foi feita entre nós, o que revela bem a apatia cívica em que nos afundamos.

Cuidado, pois estamos a destruir a nossa própria Cultura e a inutilizar um trabalho de séculos dos nossos antepassados que pedra a pedra, sacrificadamente, ergueram uma das mais originais civilizações do mundo.

 

 

Que influência terá o cinema na propagação da violência?

 

É tempo de nos perguntarmos em que medida a violência, constantemente transmitida de forma aliciante pelo cinema e pelas televisões, é responsável pelo seu aumento, e pelas formas cada vez mais cruéis de que se reveste, na vida real do nosso tempo.

Há crimes que são cópia acabada da ficção cinematográfica, dando a impressão de que a ela os criminosos foram buscar a inspiração e o incentivo.

Será assim?

É um assunto que requer averiguação, profunda e urgente, dos especialistas e, de qualquer forma, o redobrado cuidado de todos nós e, muito particularmente, dos encarregados de educação das novas gerações.


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