Gabriela Amorim Reis
Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar USF Condestável - ACES Pinhal Litoral, Batalha
Tenho perdas de urina, e agora?
A incontinência urinária (IU) é uma situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. É caraterizada por perdas urinárias involuntárias que se apresentam de forma muito diversificada, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares.
Estima-se que em Portugal haja cerca de a 600 mil incontinentes, nos diferentes segmentos etários. Atualmente, 33% das mulheres com mais de 40 anos têm sintomas da doença, segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia.
Existem vários tios de Incontinência urinária. A incontinência de esforço caracteriza-se por pequenas perdas de urina que acontecem quando o indivíduo se ri, tosse, espirra, faz exercício, se curva ou pega em algo pesado. Ocorre quando os músculos do pavimento pélvico estão enfraquecidos e existe uma pressão exercida sobre a bexiga.
É mais prevalente em mulheres entre os 45 e 65 anos, que decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. Em alturas de maior esforço, a pressão abdominal aumenta e o esfíncter (válvula responsável pela retenção da urina na bexiga) perde a força e deixa escapar a urina.
Outro tipo de incontinência é a incontinência por urgência ou imperiosidade que ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita e intensa de ir à casa de banho. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência em urinar.
Este tipo de incontinência pode estar relacionado com o envelhecimento e o avanço da idade, mas também surge em idades mais jovens, associado a doenças neurológicas ou muitas vezes sem causas identificáveis.
Quando existe a combinação da incontinência de esforço com a incontinência de urgência estamos perante uma incontinência urinária mista.
O diagnóstico da incontinência urinária tem início no historial clínico do doente, que descreve em que condições sofre de perdas de urina.
O médico de família pode, nesta fase, diagnosticar e orientar o tratamento mais adequado face às queixas do utente.
Na última década foram feitas importantes descobertas nesta área. Existem, inclusivamente, formas de incontinência urinária que são tratadas com medicamentos ou técnicas de reabilitação, e a maioria das cirurgias quase não implicam internamento, sendo a vida normal retomada horas ou poucos dias depois.
O tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante na incontinência urinária de esforço. A cura é possível em cerca de 90% dos casos.
Na incontinência urinária de urgência, o tratamento com fármacos orais consegue melhorias sintomáticas na maioria dos doentes. Nos casos refratários à terapêutica oral ou que não a tolerem, pode recorrer-se à administração de fármacos diretamente na bexiga, um procedimento simples e com boa eficácia e segurança.
Como se trata de um assunto que toca a intimidade da pessoa, a incontinência urinária ainda é encarada como um tabu que condiciona a vida do doente a vários níveis: pessoal, familiar, social e laboral. Este problema pode conduzir a uma fuga do contacto social e ao isolamento, porque está sempre presente o medo e a vergonha de que os outros sintam o cheiro.
A incontinência urinária, sobretudo na mulher, é um grave problema cultural. Como a
mãe e a avó também sofreram da mesma doença, assume-se erradamente a incontinência urinária como uma herança.
É importante reter que a IU é, na maior parte dos casos, uma doença curável e de tratamento fácil, em especial quando detetada precocemente. Se suspeita que pode sofrer de Incontinência urinária, consulte o seu médico de família.
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