A opinião de Ricardo Vala

Deputado municipal pela Iniciativa Liberal

Tenho orgulho no meu País

Tenho orgulho no meu país tal como o caracterizam. Dá-me gozo ver turistas a falar deste nosso cantinho como se ele fosse particularmente especial. Porque, de facto, é.

Os elogios ao nosso mar, à beleza natural das nossas encostas, aos nossos monumentos, às nossas cidades, à gastronomia e ao bom vinho, à temperatura e à simpatia do nosso povo. Gosto bastante quando nos dizem que somos pessoas boas e de bem e que, por cá, a sensação é de paz permanente, de segurança e de bem-estar.

“Qualidade de vida”, repetem vezes sem conta. “Qualidade de vida”.

Aos olhos de um mar de gente, Portugal é distinto e mágico. Portugal é belo e perfeito. Portugal é tudo. Só que não é.

Para quem vive cá, há a noção crescente que as coisas não são como parecem. A cada dia que passa, as dificuldades tornam-se mais evidentes, as famílias e as empresas com maiores dificuldades em honrar os seus compromissos e com dificuldade em prever o seu futuro. É visível a constatação da falta de crescimento do nosso país, o aumento da divida pública e um Estado cada vez mais pesado e sugador de toda a riqueza que o país produz e que facilmente apoia Empresas falidas e projetos descabidos, comprometendo assim o futuro do País e das próximas gerações.

Os portugueses enfrentam diversos desafios a começar pelo aumento dos impostos, sendo que o Estado português em 2022 espera arrecadar mais de 100 milhões em impostos, batendo um recorde. Vamos ter uma inflação que não tínhamos desde 1994, a taxa de juro dos empréstimos já estão a aumentar. Como consequência da invasão russa, verificamos o aumento brutal dos preços dos alimentos e dos combustíveis, mas também o aumento de preços e a falta das matérias-primas para as nossas indústrias. Os portugueses ficaram e ficarão com menos de poder de compra porque mesmo sendo aumentados (se tiverem essa sorte), esse será sempre inferior a taxa de inflação.

Além de baixos salários, ainda temos uma Justiça que não lenta e ineficiente e um SNS que se degrada de dia para dia. Para finalizar este ano magnífico, o BCE vai deixar de comprar divida pública portuguesa, deixando por isso o tempo da “era” do dinheiro barato.

Os tempos não se avizinham fáceis para todos nós mas principalmente para os jovens cujas ambições em comprar carro, casa, constituir família serão muito difíceis, muito mais difíceis do que as anteriores gerações.

Resta-nos o consolo de que sermos boas pessoas, disso não tenho dúvidas. Se assim não fosse este País não seria fantástico como nos dizem os turistas.


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