Socialistas (nem todos) apoiam Raul Castro e centristas apresentam candidatura própria

O deputado Raul Castro garantiu o apoio do PS à sua candidatura a presidente do Município da Batalha, mas a decisão criou fissuras entre os socialistas: o presidente da concelhia demitiu-se e o vereador considera errada a decisão do partido. O CDS revelou, entretanto, que vai apresentar um candidato próprio.

A maioria dos militantes socialistas da Batalha, reunidos no dia 17 de fevereiro, decidiu apoiar o movimento liderado pelo antigo presidente das câmaras da Batalha e Leiria, e atual deputado pelo PS na Assembleia da República, o que provocou a imediata demissão do líder da concelhia do PS, Augusto Neves.

“O plenário de militantes decidiu apoiar Raul Castro, o que inviabilizou a apresentação de uma lista própria”, explicou Augusto Neves, ao Região de Leiria, apontando que, “pela primeira vez desde 1989, o PS vai sem bandeira às eleições”.

Ao Jornal de Leiria, Augusto Neves, que apresentou a demissão no dia 18 de fevereiro, adiantou que a sua posição se justifica com “razões que se prendem com a falta de honestidade funcional por parte da maioria dos elementos da concelhia, que optou por apoiar a candidatura de Raul Castro sem qualquer contrapartida e em detrimento de uma candidatura interna”.

O presidente da federação distrital de Leiria do PS, Walter Chicharro, considerou, em declarações ao Região de Leiria, ser “natural” um apoio do partido à candidatura de Raul Castro. “Parece-me apenas natural a possibilidade do PS, a começar pelo Largo do Rato, apoiar um deputado à Assembleia da República eleito pelo PS e que é um histórico presidente de câmara”, refere.

Sobre a decisão de Augusto Neves explica: “O responsável pela secção do PS Batalha propôs o seu nome para candidato a presidente da câmara e a secção reprovou essa candidatura, por isso a decisão de demissão do responsável parece-me natural”, afirma.

O vereador do PS no Município da Batalha, Carlos Repolho, também discorda do apoio ao Movimento Independente: “Com a recusa do CDS e a forma habilidosa como Raul Castro conseguiu o apoio do PS, sem reunir e auscultar o seu órgão local, nomeadamente o presidente concelhio, nem o seu vereador eleito, tenho alguma curiosidade de ver que elementos vão compor esse designado Movimento Independente”, escreve num comunicado em que reage a uma posição do CDS [Ver noutro local da notícia].

“Não vou apoiar, nem fazer parte de candidaturas que tenham como objetivos principais a vingança política, a intriga e defesa de interesses pessoais. A Batalha é mais importante que isso. Com esta atitude o PS nacional e distrital estão a desistir da Batalha, eu não vou seguir por essa via”, refere Carlos Repolho, no comunicado, datado de 23 de fevereiro.

A concelhia do CDS da Batalha também já tomou uma posição pública, depois de ter saído “nos diversos órgãos de comunicação social o anuncio da candidatura de uma lista de independentes, dos dois anteriores presidentes de câmara, Raul Castro e António Lucas, dizendo que contavam com o apoio do PS e do CDS”.

“É um facto que há um ano e, depois, há nove meses, o vereador do CDS, mandatado pela comissão política, abordou António Lucas no intuito de o convidar a voltar a recandidatar-se pelo CDS, obtendo a resposta de que por motivos de saúde e pessoais não poderia”, explicou em comunicado, no dia 22 de fevereiro, o presidente da concelhia, Américo Ribeiro.

Por outro lado, assume que o partido foi contactado ”por Raul Castro e António Lucas”, que reuniram com Horácio Francisco e Américo Ribeiro, com “o intuito de auscultar o CDS sobre se estaria disponível para apoiar as suas candidaturas”.

Os dois antigos autarcas propuseram ”uma candidatura totalmente independente, sem siglas de partidos”, refere o comunicado, adiantando que “muito posteriormente surgiu também contacto do PSD, com essa abordagem, ao qual o CDS não respondeu”.

Os militantes da concelhia do CDS, reunidos no dia 20 de fevereiro, “votaram por unanimidade serem contra os moldes propostos”, destacando que o partido sempre apresentou “candidaturas com listas próprias, sem quaisquer profissionais ou dependentes da política, na defesa apenas e só dos interesses dos munícipes no seu todo e de um município aberto e ao serviço de todos”.

O CDS, “como partido responsável e a única oposição ao atual executivo neste mandato”, vai concorrer “com listas próprias a todos os órgãos nas próximas eleições autárquicas”, previstas para o último quadrimestre do ano, “determinado e confiante ao serviço de todos os munícipes e não apenas dos interesses de ocasião de quem se encontre no poder”, refere Américo Ribeiro, adiantando que “não foi o CDS que entregou a governação do município nas mãos de quem atualmente tem a sua gestão”.

Em reação a este comunicado, o vereador eleito pelo PS, Carlos Repolho, disse que “o CDS não é a única oposição ao atual executivo, como contrariamente foi referido pelo presidente dos centristas”. “Podia enumerar aqui as inúmeras ações minhas e dos elementos da assembleia municipal eleitos pelo PS, mas vou só lembrar que fui o único vereador que votou contra todos os orçamentos da câmara deste mandato, que é só o instrumento mais importante para a gestão do município”, refere em comunicado.

“E quem não se lembra do protesto do grupo do partido socialista com o abandono de uma sessão da assembleia municipal pelo tratamento injusto que a junta da Golpilheira teve por parte do município? Houve provavelmente algum lapso de memória do CDS”, conclui o vereador socialista.

O Movimento Independente, liderado por Raul Castro, “assume-se como uma estrutura plural, aberta a todos os cidadãos. Congrega elementos sem partido e de diversas formações partidárias, em que se incluem simpatizantes e militantes do PSD”.

Em reação ao titulo “Raul Castro e António Lucas contra PSD Batalha”, publicado pelo jornal Região de Leiria, o movimneto explicou que “não está contra nenhum partido político”, antes “pretende devolver a esperança ao concelho e pugnar pela participação cívica dos batalhenses nos destinos da autarquia e na construção do futuro da comunidade”.

O movimento adianta que uma das razões da sua formação “é envolver as pessoas e as instituições nas decisões a tomar e eliminar a prática de gestão autocrática centrada no atual presidente da câmara, que nem sequer confia na sua própria equipa”.

“Não nos motivam os cargos nem o mero exercício do poder. Queremos acabar com uma gestão autoritária, burocrática e desastrosa que, a muito breve prazo, trará graves consequências económicas e financeiras para o concelho; que afasta os cidadãos das instituições, agride os princípios do estado democrático e não respeita a liberdade nem a iniciativa de cada um”, adianta o movimento, cujo líder confirmou, entretanto, contar com o apoio de ex-autarcas, entre os quais António Lucas.

Quanto ao PSD, o atual presidente do município, Paulo Batista Santos, candidata-se ao terceiro mandato consecutivo à frente dos destinos do concelho. Na perspetiva da concelhia social-democrata, “sob a liderança das equipas eleitas pelo PSD, no município e freguesias, a governação local é hoje um fator de progresso em que os batalhenses confiam e esperam respostas necessariamente com conteúdo, ambição e renovadoras nas práticas de ação política”.

“O tempo do governo de um homem só, do poder pelo poder, sem rumo certo, não faz parte da nossa cultura social, são comportamentos de um passado longínquo, bem como estão esgotadas as políticas sem consistência de um governo socialista cada vez mais em descrédito”, refere uma moção/recomendação aprovada pela concelhia no dia 27 fevereiro.

“Esta consciência e pela determinação que sentimos nos batalhenses - que reclamam a continuação de uma governação credível e com ambição em melhorar a sua condição de vida nesta fase do combate à pandemia e no processo de desenvolvimento que se seguirá -, leva-nos a considerar que o PSD dispõe de condições para renovar a confiança nas próximas eleições autárquicas, vencer em todas as freguesias e a formar um novo governo local com a firme determinação de continuar a projetar o um futuro melhor para o concelho da Batalha”, concluem os social-democratas da Batalha.


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