A Opinião de António Lucas

Ex-Presidente da Câmara da Batalha

Serviços públicos ao serviço dos cidadãos

Os serviços públicos só se justificam enquanto prestadores de serviços de qualidade aos cidadãos. Qualquer cidadão, ao adquirir um produto ou serviço a um privado, tem sempre a faculdade de optar por outro, se achar que o preço/qualidade não é equilibrado.

Nos serviços públicos não tem essa faculdade de escolha, porque se trata de serviços exclusivos, ou quase. Quem pode e deve fazer a diferença são os políticos e os funcionários públicos, trabalhando bem, sob o primado do interesse coletivo. Quando assim é, o cidadão, pagador de impostos que suportam os serviços públicos, pensa que vale a pena pagá-los, porque tem retorno desse seu obrigatório investimento. O contrário também é verdadeiro.

No momento presente em que existe uma enorme pressão, a tornar-se insuportável para os recursos humanos do nosso SNS, dá para perceber melhor, se dúvidas existissem, do valor insubstituível de alguns serviços públicos, sendo a saúde um deles. Atendendo à sua importância e valia ainda se torna mais necessário que seja bem gerido e organizado, para custar o mínimo possível em termos financeiros e para custar o esforço mínimo a quem nele trabalha, de forma a maximizar o serviço prestado.

Com melhor gestão e organização o esforço de todos os envolvidos seria menor e o produto final, ou seja, o serviço prestado aos cidadãos, seria melhor. Isto apesar de ser do senso comum, tem aplicação em tudo, seja público, seja privado. Convenhamos que nem sempre ficamos com a convicção da boa gestão nalguns serviços públicos.

Em tempos de crise, no caso, em tempo de uma gravíssima crise sanitária, aliada a uma semelhante crise económico/financeira, o papel de todos é ainda mais importante e o dos gestores e funcionários públicos não foge à regra.

É bom que tenhamos consciência do aumento exponencial da divida pública, que teremos que pagar, e não fora a nossa participação na UE - União Europeia, nem dá para imaginar o estado em que estaríamos. Se estivéssemos fora, o SNS já tinha rebentado, por manifesta falta de meios e não haveria vacinas para os portugueses. É bom que os partidos de extrema esquerda contrários à UE metam a viola no saco e se calem de vez em relação a estas matérias.

Mas estes apoios não podem durar sempre e nós ou nos organizamos e começamos a pagar a divida e a viver com o que produzimos, ou vamos deixar problemas gravíssimos para os nossos filhos e netos.

Para isso, é fundamental que melhoremos a gestão do serviço público e apliquemos os recursos, os impostos que pagamos, naquilo que é efetivamente importante para o país.

Ao contrário do que tem acontecido, deveremos acabar de vez com obras e serviços de fachada, que mais não servem do que a foto para as redes sociais do presidente ou de outro político qualquer e nada acrescentam na resolução das necessidades dos cidadãos.

Este ano iremos ter eleições autárquicas, em que as opções assentarão na escolha de equipas que irão gerir os destinos dos concelhos a pensar na imagem do presidente, ou a pensar na resolução dos problemas dos cidadãos.

Ao eleitores vão ter que ser inteligentes para fazer esta escolha. Mas estou convicto que os eleitores são muito inteligentes e vão escolher o melhor para si próprios.


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