Joana Magalhães

Pestanas que falam

Queijo fresco no Verão

Este ano já todos percebemos que o sol não quer voltar. Está de mal connosco e estragou o Verão à percentagem de portugueses que tirou férias para aproveitar a praia. Os outros que, como eu, estão destinados a trabalhar e já estavam mentalizados para serem brancos como um queijo fresco são os que saem a ganhar. Porque "não custa trabalhar no verão se estiver mau tempo", certo? Mentira. Custa trabalhar no verão. E sempre, na verdade. No Inverno também queríamos estar de mantinha no sofá e estamos a trabalhar. Interligando os factos, trabalhar custa sempre. O pior é que quem trabalha sabe que a vida é isso mesmo, trabalho. Acordar para trabalhar e depois descansar para trabalhar mais no dia seguinte. Depois, entre as nove horas que se passam no trabalho, as oito a dormir (em dias bons), as três a comer e uma no caminho casa-trabalho e trabalho-casa sobram umas três horas, se não me falham os cálculos, para ir ao ginásio (caso não passem o dia em pé no trabalho) ou para tratar de lides domésticas, o que também é muito divertido fazer depois de um longo dia de trabalho. Só que não.

Por isso sim, trabalhar no verão até pode parecer chato, especialmente quando o negócio em que se trabalha for roupa de praia. Fazer mau tempo ajuda a aliviar a chatice de trabalhar no verão mas depois é uma chatice ainda maior porque não se vendem os produtos da loja. No fundo, como em tudo na vida, é uma questão de perspetiva. Já o sol, este Verão tem trabalhado quando lhe apetece e, claro, escolhe os dias em que os pobres coitados que estão a trabalhar estão de folga para ele próprio tirar folga. É a lei do "aposto que quando estiver de folga vai estar mau tempo" e ele até parece que ouve e se esconde atrás das nuvens. Mas ficar queijinho fresco até ao próximo Verão até nem é assim tão mau, poupa-se o dinheiro do protetor solar e mantém-se a dieta pela falta de bolas de Berlim no local de trabalho. Com sorte, o Verão a sério vem no Natal.


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