A Opinião de André Loureiro

Presidente do PSD da Batalha

Perguntas sem resposta

“Qual é a importância da gaguez na política?”, “deus existe e apoia certa pessoa?” e “as férias do primeiro-ministro são tema essencial para uma campanha política? - são algumas das perguntas que alguns intencionalmente fizeram e muitos responderam a coberto do anonimato. Mas questiono eu: será que responderam mesmo, ou simplesmente quiseram influenciar opinião, gerar confusão ou mesmo denegrir pessoas?

Ler os comentários anónimos que circulam nas redes sociais com meros objetivos políticos ou económicos é um dos momentos mais deprimentes a que qualquer ser humano se pode sujeitar, a não ser que queira saber até que ponto vai o estado de inveja de tais sujeitos ou questionar-se sobre a mais-valia destas pessoas que perdem o seu tempo em insultos e mais insultos.

Claro que na maioria das situações, todos compreendemos o objetivo destes alegados anónimos (muitas vezes representam interesses bem identificados), que comentam e partilham e nada mais visam do que ridicularizar os adversários ou destruir opções políticas que mexem com as suas conveniências, sendo uma prática, infelizmente, que atravessa todos quadrantes políticos.

Aliás, não se pense que o insulto cobarde de quem se esconde por detrás da cortina do anonimato é um problema das redes sociais, pelo contrário, na nossa terra é bastante comum o recurso à "carta anónima" dirigida à imprensa ou às entidades fiscalizadoras, com o intuito de lançar a suspeita ou o boato sobre determinado adversário ou vizinho que se pretende atingir.

A única diferença na nossa terra, como todos mais ou menos nos conhecemos, o anonimato na redes sociais ou nas denúncias sem rosto, é como como diz o ditado, "mentira tem perna curta" e o diabo sempre "atento", pelo que mais cedo ou mais tarde, todos identificamos os líderes da rebelião anónima ou do movimento do insulto. E conhecendo-se os responsáveis, facilmente se identificam os objetivos que na sua maioria se resumem a questões de interesse particular ou de um pequeno grupo de contestatários.

Todavia, a questão central que pretendo alertar é de facto grave e sintomática dos tempos que vivemos. Refiro-me ao provocador que fala sem constrangimentos, mas sob anonimato ou usando falsas identidades, o que lhe permite escrever o que lhe ocorrer sem se responsabilizar pela justeza ou pelo sentido do que diz. Naturalmente, isto inquina qualquer debate, banalizando muitas vezes a mentira, a calúnia, o embuste, a insensibilidade ou a simples tolice, apresentados como opinião pessoal ou uma expressão de liberdade!?

Essa prática tão presente na campanha eleitoral para a Assembleia da República, como já foi no passado nas eleições autárquicas, deve ser denunciada e rejeitada, porque contamina a credibilidade das instituições e sobretudo conduz a uma sociedade sem valores que apenas favorece os extremistas ou os oportunistas sem rosto. 

Tenho para mim que em democracia, esconder a cara não pode ser senão uma forma de desresponsabilização e uma marca de vergonhosa cobardia. Não é de uma, ou de outra, por certo, que precisamos para construir uma sociedade melhor governada e mais justa.

Por isso, a terminar, deixo eu também uma pergunta sem resposta: será que os cidadãos se deixam influenciar por este tipo de pessoas que apenas atuam na sombra? Ou que uma vez mais vão rejeitar a calunia e a mentira?

 


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