MCCB/Município da Batalha

Espaço do Museu

Os povos desta terra antes de ser Batalha

Aponta-se que a história do ser humano tenha mais de quatro milhões de anos. Em 1974, o antropólogo norte-americano Donald Johanson descobriu, na Etiópia, vestígios fósseis com mais de três milhões de anos pertencentes a uma fêmea da espécie Australopithecus afarensis. Durante as escavações ecoava de um gravador do acampamento a canção Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles. A fêmea encontrada seria “baptizada” de Lucy, inspirada na música que se ouvia.

Uma longa evolução se seguiria entre o Australopithecus afarensis e o homem moderno. Desta cadeia, faz parte o Homo erectus, cuja reconstituição se apresenta no Museu da Batalha. A sua escolha deve-se ao facto de este representar as primeiras comunidades que passaram ou se fixaram neste território.

Estávamos no Paleolítico Inferior – Idade da Pedra – e estas comunidades assentariam nestas terras por aqui encontrarem condições perfeitas para a sua fixação: animais para caçar, água, vegetação e pedras – muitas pedras – para a produção das suas ferramentas (bifaces, unifaces, machados, entre outras). Eram tribos de caçadores-recolectores que criavam acampamentos sazonais. As descobertas arqueológicas feitas na Jardoeira e no Casal do azemel, apontam para acampamentos com 300 mil e 200 mil anos.

Uma cultura material e espiritual se revelaria, mais tarde, com as descobertas das necrópoles neolíticas de Buraco dos Ossos, Buraco Roto e Forneco da Moira. Os achados (vestígios de cerâmica e de sílex, ossos humanos, peças ornamentais em bronze…) contextualizam-nos o quotidiano agro-pastoril, de base familiar, desenvolvido em grupos itinerantes.

Mais tarde, estas comunidades tornar-se-iam mais aguerridas, com a introdução do ferro e do cavalo no século VIII a.C, por tribos do Norte e Centro da Europa, ocupando montes e planaltos como os do Castro da Rebolaria ou de São Sebastião do Freixo (até à ocupação romana). Estes grupos davam grande importância aos rituais de enterramento, os quais se evidenciam nas amostras de vasos funerários e cinerários que chegaram até nós.

A fixação dos romanos no território e a cidade de Collippo trariam um novo capítulo no percurso da cidadania da Batalha. A civitas deixa caminhos de organização política, económica e social determinantes para a Batalha. Achados como estátuas, cerâmicas domésticas, fíbulas, moedas e epígrafes testemunham a prosperidade – ainda que efémera - de uma cidade habitada por famílias ilustres e poderosas que se reuniam na assembleia municipal e no senado e que controlavam as grandes obras da cidade e as actividades económicas locais.

Mas após o declínio de Collippo, no final do século I d. C. e a queda do Império Romano fariam da Batalha uma terra de ninguém. Seguem-se séculos de invasões (bárbaras, muçulmanas), que provocaram destruições e o progressivo desaparecimento do povoado romano.

Só com a criação do reino de Portugal, por Afonso I, e a sua chegada, por volta de 1135, a vida comunitária voltou lentamente a estas terras.

O ponto de viragem estaria destinado para a Batalha Real (em 1385) que deu origem ao nome da vila da Batalha, que consolidou a independência de Portugal, que ditou a construção do Mosteiro e que estimulou os descobrimentos dos séculos XV e XVI


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