Núcleo de Combatentes da Batalha
Notícias dos Combatentes
Os nossos “amigos” ingleses
Para os batalhenses, agosto costuma ser um mês especial, dadas as afamadas festas anuais, sendo também a 14 o feriado municipal, por corresponder ao dia em que, em 1385, se deu a “batalha de Aljubarrota”, acontecimento que, a ter ocorrido em local mais distante e sem o desfecho que teve, não existiria a bonita vila de Santa Maria da Vitória.
E recordemos que nesse dia tivemos uma boa ajuda dos ingleses, esses “marotos” que agora nos estão a “virar as costas”, ao colocar-nos na sua “lista negra” de visitas, a pretexto do SARSCoV-2, quando, afinal, eles até estão pior que nós.
Interrogar-se-ão alguns ingénuos ou já esquecidos da história: como é que os ingleses nos podem fazer tal coisa, a nós, que temos com eles uma aliança de mais de 650 anos, a mais velha do mundo?
Caros leitores, quando se trata de negócios as amizades são quase sempre deixadas para segundo plano e nisso os ingleses não são exceção. Com efeito, dizem-nos os factos que raramente nos ajudaram sem contrapartidas “leoninas”, ou seja, davam-nos um “chouriço”, mas nós tínhamos de lhes retribuir com um “porco”… e às vezes nem isso.
Querem exemplos? Aqui ficam alguns:
- 1373: Terá sido o ano em que nasceu a velha aliança, embora já tivéssemos contactos e relações comerciais com eles desde 1147. Contudo, é apenas em 1373 que Eduardo III e D. Fernando ratificam um tratado de colaboração político-militar e comercial, redigido no ano anterior pelos seus representantes, em Tagilde (Vizela).


Esta tratado foi ratificado em 1386 (Windsor: (já D. João I e ainda Eduardo III), um ano depois da batalha de Aljubarrota, onde, de facto, tivemos a ajuda dos ingleses, mas não tão desinteressada quanto isso. Vejamos: João de Gante, duque de Lancaster e 4º filho de Eduardo III foi quem mais influenciou na vinda dos arqueiros ingleses, para combaterem ao nosso lado. E porquê? Porque era pretendente à coroa de Castela (casou, em 2ªs núpcias, com Constança, filha de D. Pedro I de Castela) e daí todo o seu interesse em apoiar Portugal e o Mestre de Avis nas guerras com Castela. Ficando esta mais fraca, ele poderia aproveitar, mas não teve essa sorte.
Além disso, João de Gante, ao conseguir, em 1387, casar a sua filha Filipa com o nosso rei tornou-a rainha, quando eventualmente nunca teria passado de uma duquesa, embora fosse neta de Eduardo III. Portanto, a ajuda que nos foi dada, não foi nada mal compensada.
- 1580 a 1640: A pretexto de, nestes 60 anos, termos perdido a nossa independência para os espanhóis, com quem estavam em guerra, os nossos “amigos” ingleses logo se sentiram desobrigados da velha aliança e toca de atacarem vários dos nossos territórios, designadamente as costas algarvia e do Brasil, aqui coadjuvando os holandeses, outros nossos “amigos”, que por essas bandas e por esses tempos já nos faziam a vida negra.
Só em 1661, 21 anos depois de termos restaurado a nossa independência, conseguimos assinar com a Grã-Bretanha um tratado de paz, mas muito gravoso para nós, pois tivemos de lhes conceder total predominância económica sobre Portugal e as colónias, ficando ainda acordado o casamento do rei Carlos II com a nossa princesa Catarina de Bragança, que também nos custou os “olhos da cara”: um dote de 2 mil cruzados (uma fortuna na época) e a entrega definitiva de Tânger, em Marrocos e Bombaim e Colombo, na Índia.
O espaço de que dispomos não dá para mais exemplos, mas lembramos ainda alguns episódios que podem ser pesquisados, ou até nós voltarmos a eles:
(Tratado de Methuen (1703); a “ajuda” nas invasões francesas; o últimatum que nos fizeram, por cauda do “mapa cor de rosa”; as suas “ajudas”, antes e durante a 1ª Guerra Mundial e até na 2ª. Enfim, com amigos destes…
Batalhenses, continuem a cuidar-se, porque o “bicho” continua por aí, tão insidioso e com as “garras” tão afiadas para nos atacar como quando apareceu.
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