João Pedro Matos
Tesouros da Música Portuguesa
Os melhores discos de 2021
A produção musical do corrente ano foi pautada por discos de grande qualidade, a tal ponto que nunca foi tão difícil para nós escolher o melhor. É certo que qualquer um dos álbuns que se encontram nas três primeiras posições, poderia ocupar o primeiro lugar, mas algum teria de ser o escolhido e os outros preteridos. Por isso, foi bastante ingrata a tarefa de eleger o álbum do ano, quando sabemos perfeitamente que poderá haver quem não concorde, defendendo uma opinião diferente. De qualquer modo, aqui fica esta nossa tentativa de escolher os que merecem destaque em 2021.
10º Syro, “Genesis”. Diogo Lopes, antigo baterista da banda Caelum e confesso admirador do antigo baterista dos Genesis, Phil Collins, lança agora o seu disco de estreia, depois de arrasar na Internet com o tema Perto de Mim. Mas a canção que se destaca é sem dúvida Rio d’ Água, um dueto com Gisela João.
9º David & Miguel, “Palavras Cruzadas”. David Bruno (o mesmo que editou O Último Tango em Mafamude) e Mike el Nite constroem um álbum autenticamente romântico, longe de ser enfadonho. Ouça-se, por exemplo, a faixa Passadiços do Paiva.
8º José, “Primeiro Disco”. O título do disco é enganador, porque não estamos propriamente perante um músico estreante. José Reis Fontão, já perfaz dezoito anos de carreira e enceta agora uma promissora carreira a solo, depois de haver integrado o projeto Stuck in the Sound.
7º Jacinta e António Bastos, “Luna Bar”. Trabalho de fusão de jazz com eletrónica, revisita algumas canções clássicas da música portuguesa. Jacinta, a conhecida cantora de jazz, desafiou o músico António Bastos e os dois convidaram alguns nomes bem conhecidos, como Paulo de Carvalho, Mónica Ferraz, Paulo Bastos ou Joana Gil para fazerem um álbum que também é por uma boa causa.
6º Duarte, “No Lugar Dela”. O fadista Duarte conta histórias de mulheres, algumas que dão que pensar, num trabalho que não deixa ninguém indiferente. ReViraVolta é o tema que se escuta amiúde nas rádios.
5º Marta Ren convida Orquestra Jazz de Matosinhos, “Ao Vivo nos Aliados”. Tal como o título indica, trata-se de um álbum ao vivo gravado na cidade do Porto, no qual Marta Ren explana as suas capacidades vocais, muito bem acompanhada pela Orquestra de Jazz de Matosinhos. Relevo para a faixa Nature Boy, um tema imortalizado por Nat King Cole, recriado por John Coltrane e aqui soberbamente interpretado por Marta Ren.
4º Camané, “Horas Vazias”. Camané regressa aos discos, em voos muito altos. Acompanha-o a guitarra portuguesa de José Manuel Neto, o contrabaixo de Carlos Bica, o saxofone de Ricardo Toscano e ainda um sexteto de cordas, entre outros. Dos dezasseis fados que compõem este trabalho, damos relevância a três: Foste Embora, Às Vezes Há um Silêncio (Fado Rosa) e Havemos de nos Ver Outra Vez.
3º Rodrigo Leão, “A Estranha Beleza da Vida”. Rodrigo Leão continua a explorar os territórios da nova música de câmara europeia, tendo como cúmplices alguns ilustres convidados, como seja Kurt Wagner, dos Lambchop. A beleza quase sublime de alguns temas, como A Sala, Who Can Resist ou A Valsa da Petra, torna este disco absolutamente obrigatório.
2º Gisela João, “Aurora”. Mais de que um disco de fado, Aurora é um trabalho discográfico monumental, pela intensidade com que Gisela João interpreta a dúzia de temas deste disco. Não é só Louca que atinge esse grau superlativo de interpretação; há outros fados que levam cada nervo dos sentimentos a vibrar: Já Não Choro por Ti, Canção ao Coração ou Saia da Herança.
1º Bruno Pernadas, “Private Reasons”. Há coisas que não mudam. Bruno Pernadas pode muito bem ser o maior compositor de easy listening da atualidade de Portugal. Ouça-se Recife ou Step Out of the Light e tire-se a conclusão. Alguma imprensa norte-americana considerou, apenas e só, este álbum como um dos melhores trinta discos do ano.
Votos de Festas Felizes.
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