João Pedro Matos

Tesouros da Música Portuguesa

Os melhores discos de 2020

Neste ano marcado pela pandemia, o vírus que atingiu a maior parte dos povos do Globo parece não ter afetado a produção musical nacional. Muito pelo contrário. O confinamento foi aproveitado da melhor maneira pelos músicos portugueses, e este período extremamente profícuo resultou num ano repleto de novidades. Vamos então apresentar aqueles que são, na nossa opinião, os melhores onze discos do ano:

11º Bruno Chaveiro, “#Desatino”. A grande revelação da guitarra portuguesa, num disco com bons instrumentais, que constituem uma espécie de autobiografia da carreira do guitarrista. O músico agradece ao seu mestre, Custódio Castelo, o qual participa no tema Antigamente e é autor de Dança em Tango.

10º Manuel Dordio, “Dor”. Aqui está um álbum lançado em pleno período de confinamento. O músico e guitarrista Manuel Dordio apresenta nove canções que são outras tantas maravilhas.

9º Capicua, “Madrepérola”. Depois de Sereia Louca, a fasquia estava muito alta, mas com a ajuda de um naipe importante de colaborações, Capicua faz um disco arrojado e profundo. Entre as participações, contam-se entre outras as de Camané, Lena D’ Água, Ricardo Ribeiro ou de Mallu Magalhães.

8º Sara Correia, “Do Coração”. Há dois anos dissemos que era um autêntico vulcão a cantar. Agora, no segundo disco (na realidade, o terceiro, pois gravou um primeiro quando tinha apenas treze anos) revela um controlo absoluto da voz, que é cristalina e límpida como nenhuma outra no presente panorama do fado.

7º Pedro de Tróia, “Depois Logo se Vê”. O antigo vocalista da banda Os Capitães da Areia (grupo com o qual lançou dois discos), surge com o seu primeiro trabalho a solo, o qual deve ser descoberto com urgência.

6º Buba Espinho, “Buba Espinho”. Roubei-te um Beijo, cantada em dueto com António Zambujo, foi uma das canções mais ouvidas na rádio durante o ano de 2020. Mas o álbum de estreia de Buba Espinho tem outras grandes canções, neste álbum que conta também com a Guitarra Portuguesa de Bruno Chaveiro.

5º Benjamim, “Vias de Extinção”. Os dois singles que antecederam este trabalho de longa duração criaram uma enorme expetativa, plenamente confirmada com o lançamento do novo álbum de um músico que é também um dos grandes produtores nacionais da atualidade.

4º Ruben Alves, “Lúmen”. Disco que revisita hinos religiosos (hinos que são clássicos), com arranjos de piano muito trabalhados e uma excelente produção.

3º Cristina Branco, “Eva”. Para nós, o melhor álbum de Cristina Branco, desde o mítico Corpo Iluminado de 2001.

2º Filipe Sambado, “Revezo”. Quase ia vencendo o Festival da Canção de 2020, e só não ganhou por causa da votação final do público, não obstante ter sido considerado pelo Júri o vencedor. Gerbera Amarela do Sul é música popular portuguesa, é rock, é até folclore. Porém, no disco destacam-se também outras composições, tais como No Leito, Mais Uma ou Imagina.

1º Noiserv, “Uma Palavra Começada por N”. David Santos, mais conhecido pelo pseudónimo de Noiserv, lança o seu quinto trabalho de longa duração. Menos experimental que os anteriores, é talvez o seu disco mais acessível, mas nem por isso menos brilhante. Por exemplo, o piano no tema Picotado convida a dançar; já na guitarra minimalista de Por Arrasto transparece uma doce melancolia. Será, portanto, com toda a naturalidade escolhido por nós como disco do ano.

Boas Festas com muita saúde são os nossos votos.

 


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