João Pedro Matos
Tesouros da Música Portuguesa
Os melhores discos de 2018
Num ano especialmente profícuo em termos editoriais, não foi fácil escolher os melhores. Por isso, em vez de dez, indicamos onze álbuns que consideramos essenciais, sempre com o risco de não incluir algum que também merecesse ser nomeado. Mas esse é o risco normal de expressar uma opinião. Vejamos, então, em ordem crescente, como se ordena a nossa lista daqueles que se destacaram em 2018:
11º. Sara Correia, “Sara Correia”. Álbum homónimo de uma jovem cantadeira que a cantar é um autêntico vulcão. E fá-lo com a naturalidade da voz que Deus lhe deu. Quando tiver mais domínio sobre o enorme talento com que foi dotada, vai ser um caso sério no fado.
10º. Filipe Sambado, “Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo”. Pop criativa o bastante para transmitir uma crítica social mordaz, sátira que ridiculariza todos os estereótipos, o que sucede nas letras de temas como Deixem Lá, Só Beijinhos ou É Tu.
9º. Danças Ocultas, “Dentro desse Mar”. O quinto álbum de inéditos deste grupo de concertinas de Águeda, foi gravado no Rio de Janeiro e produzido por Jaques Morelenbaum. Não tão original quanto o seu trabalho de estreia, ainda assim será o seu segundo melhor disco e deverá ser considerado um dos grandes álbuns de música popular portuguesa do ano que agora finda.
8º. Paus, “Madeira”. Fábio Jevelim, Makoto Yagyu, Hélio Morais e Quim Albergaria conceberam um Vídeo-Disco, ou outra aventura em que embarcaram no universo do pós-rock, numa homenagem ao arquipélago da Madeira.
7º. Quiné Teles, “No Sótão da Velha”. Joaquim Teles, mais conhecido por Quiné, é um percussionista e produtor musical que já trabalhou com grandes nomes da música portuguesa. No seu segundo trabalho em nome próprio, traça um itinerário pela música tradicional, que vai do Alentejo a Trás-os-Montes, passando pela Beira-Baixa, sem esquecer a Madeira e os Açores. Trata-se de uma edição de autor.
6º. Katia Guerreiro, “Sempre”. Com dezoito anos de carreira, Katia Guerreiro atinge a plena maturidade com aquele que é o melhor álbum de fado de 2018.
5º. David Bruno, “O Último Tango em Mafamude”. Mais um Vídeo-Disco, este balançando entre o hip-hop e a música romântica. Dedicado à cidade de Vila Nova de Gaia da década de oitenta, foi feito com um humor corrosivo que aproveita todos os lugares comuns daquela década do século XX.
4º. Dead Combo, “Odeon Hotel”. Pedro Gonçalves e Tó Trips convidaram Alain Johannes para produzir um disco que respira fundo o blues, o fado e Fernando Pessoa, num hotel imaginário povoado por uma série de hóspedes.
3º. Reis da República, “Fábulas”. Agora que o rock progressivo está outra vez na moda, com Steven Wilson a liderar o movimento, os Reis da República inscrevem-no outra vez na música portuguesa, depois das experiências da década de setenta do século passado. Mas o disco em alguns momentos faz lembrar a saudosa Banda do Casaco.
2º. Júlio Resende, “Cinderella Cyborg”. Nas palavras do seu autor, este é o diálogo possível entre o humano e inumano, porque o mundo das máquinas tem também muitos sons bonitos. Mas o que aqui se destaca é o som do piano, admiravelmente tocado.
1º. Joly Braga Santos, “Aberturas Sinfónicas nºs 1 e 2” pela Royal Liverpool Philharmonic Orchestra dirigida por Álvaro Cassuto. Inclui a primeira obra sinfónica do mestre e maior orquestrador português do século XX. A publicação simultânea de um livro, intitulado Joly Braga Santos, Uma Vida e Uma Obra, torna a edição deste registo de música clássica num dos acontecimentos culturais do ano.
Votos de um excelente Natal e melhores entradas em 2019.
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