Museu da Comunidade Concelhia - Município da Batalha

Espaço do Museu

O Dia do Bolinho e o Verão de São Martinho

E num ápice chegámos a novembro, o décimo primeiro mês do ano no calendário gregoriano, que mantém no nome a sua origem latina (novem) indicando que era o nono mês do calendário romano que começava em março.

O mês é farto em frutos, como as castanhas as nozes e as azeitonas, que se associam às tradições religiosas e pagãs de outono.

É o mês em que se celebra o Dia de Todos os Santos, a 1 de novembro, uma tradição que tem o seu mais antigo registo no século XV, com origem no ritual pagão de do culto dos mortos, de raízes milenares.

Consta-se que foi em 1756, um ano após o terramoto que destruiu Lisboa, em 1 de novembro de 1755, a população fez um peditório com a intenção de manter uma tradição que lembrava os seus mortos. As pessoas percorriam as ruas da capital, batendo às portas e pedindo uma qualquer esmola, mesmo que fosse pão, para matar a fome na cidade que tinha ficado ainda mais pobre devido à catástrofe do ano anterior. Pediam o “Pão por Deus”. Segundo José Travaços Santos, nos tempos de fome, o Dia do Bolinho (ou do “Pão Por Deus” ou do “Santorinho”), era o dia das “crianças tirarem a barriga da miséria” e “em que se tratavam os vizinhos por tu e ninguém negava o bolinho”. Já nas décadas de 60 e 70 do séc. XX, a data passou a ter uma abordagem mais lúdica. O “peditório” mantém-se nalgumas regiões do país e passou a ser feito pelas crianças que, hoje em dia, em vez de pão, dão preferência a guloseimas. Na nossa região cozem-se ainda as tradicionais broas doces que vão aos frutos de outono buscar os seus ingredientes essenciais.

Novembro é também mês de São Martinho, evocando o militar, monge, bispo e santo católico Martinho de Tours, nascido no século IV.

A lenda conta que, no ano 337, um outono rigoroso e frio assolava a Europa, Martinho regressava a casa e, no meio da tempestade, encontrou um mendigo que lhe pediu esmola. O cavaleiro gaulês, que não tinha mais nada consigo, retirou das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio com a espada, e deu-o ao mendigo. Nesse momento, o tempo ríspido desapareceu dando lugar a um dia radioso de sol. O milagre ficou conhecido como "o verão de São Martinho".

São Martinho tornou-se num dos santos mais populares da Europa. É considerado o protetor dos alfaiates, dos soldados e cavaleiros, dos pedintes e dos produtores de vinho. O santo foi sepultado no dia 11 de novembro na cidade francesa de Tours. A mesma data foi a escolhida para celebrar o seu dia. É tradição, em Portugal, assar castanhas e beber o vinho novo, produzido com a colheita do verão anterior. À semelhança do nosso país, também em França e Itália se comem castanhas assadas. Já em Espanha, faz-se a matança de um porco e na Alemanha acendem-se fogueiras e organizam-se procissões.

Neste espaço que o Jornal da Batalha oferece ao museu, o património imaterial e as nossas tradições merecem-nos toda a importância, num reconhecimento da nossa identidade. Conheça outras tradições no MCCB, na área “Tudo sobre nós”.


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