Município da Batalha MCCB (Museu da Comunidade Concelhia da Batalha)

Espaço do Museu

Infante Dom Fernando, “O Santo”

 

Membro mais novo da Ínclita Geração e oitavo filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, o Infante D. Fernando nasceu a 29 de setembro de 1402, em Santarém. Foi 2º Administrador da Ordem de Avis, 1º Senhor da Vila de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia. O seu destino foi, porém, marcado pela tragédia de Tânger (1437), ficando por isso, cognominado como “O Santo”.

De saúde frágil desde a infância, o Infante beneficiou de mais atenção por parte de sua mãe, D. Filipa de Lencastre. Mas, tal como os seus irmãos, teve a mesma esmerada educação, sendo instruído em diversas línguas, técnicas militares, além de participar nos conselhos de Estado do seu pai.

Na véspera da conquista de Ceuta, em 1415, com apenas 12 anos, a sua mãe morreu vítima de peste. Dada a tenra idade, o Infante não participou no projeto organizado pela Coroa naquela conquista, ficando no reino aos cuidados da sua irmã, a Infanta Isabel, futura duquesa de Borgonha.

Os altos custos de manutenção de Ceuta acalmaram os ímpetos conquistadores da Coroa portuguesa e, até ao final do reinado de D. João I, em 1433, não houve mais nenhuma ofensiva militar. Foi o seu sucessor D. Duarte, que deu novos passos na retoma das conquistas. A decisão recaiu sobre uma localização estratégica junto ao estreito de Gibraltar e também porto marítimo: Tânger. A expedição teve lugar em 1437 e contou com o Infante D. Henrique e D. Fernando, desejoso, este último, de igualar as façanhas dos irmãos mais velhos na tomada de Ceuta.

A operação militar em Tânger, comandada por D. Henrique e seguida por cerca 6 mil homens sofreu uma pesadíssima derrota. Em setembro, tombaram no campo de batalha centenas de portugueses e a vida de D. Fernando foi hipotecada. «(…) os mouros só consentiram a retirada na partida dos portugueses consoante o compromisso de saírem de Ceuta. Como refém e penhor de tal compromisso ficou o infante D. Fernando, que se oferecera para substituir nesse papel o seu irmão Henrique» (SOUSA, 2009).

Em cativeiro, D. Fernando ficou encerrado numa estreita masmorra, sofreu fome e sede, sendo obrigado a trabalhar arduamente. Faleceu em cativeiro no ano de 1443. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, D. Fernando viria a ganhar o epíteto de “Infante Santo”. 

Durante o reinado de D. Afonso V, o corpo do Infante D. Fernando veio para Portugal. Esteve sepultado no Convento do Salvador, em Lisboa, sendo posteriormente trasladado para o Mosteiro da Batalha, onde repousa junto da sua família, na Capela do Fundador. A divisa do tumulado é constituída por dois elementos: a alma, onde se encontra inscrita a legenda “Le bien me plet” (O bem agrada-me); e pelo corpo, onde se vislumbra uma roseira entrelaçada gravada na pedra calcária do seu túmulo.

Saiba mais sobre a nossa história e o nosso património online, através dos sites do museu (www.museubatalha.com e do Mosteiro da Batalha (/www.mosteirobatalha.gov.pt)

Fontes:

SOUSA, Bernardo Vasconcelos e (2009). Idade Média (Século IX-XV). In Rui Ramos (Coord.); Bernardo Vasconcelos e Sousa & Nuno Gonçalo Monteiro, História de Portugal (Parte I, Capítulo VII, pp. 171-192). Lisboa: Esfera dos Livros

http://www.arqnet.pt

http://www.mosteirobatalha.gov.pt


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