António Lucas

Ex-presidente da câmara e assembleia municipais

A importância do associativismo

Todas as formas de associativismo são importantes, merecendo especial destaque, em minha opinião as IPSS, as associações de bombeiros e as vocacionadas para as áreas do desporto e da cultura.

O seu papel assume um enorme relevo em todas as sociedades, com especial destaque nas sociedades modernas e nos tempos que correm.

Felizmente e mercê do grande espírito solidário de muitos milhares de dirigentes e outros voluntários, têm desenvolvido projetos de enorme valia para o país em geral e para o concelho da Batalha em particular. Existem algumas exceções, de um ou outro dirigente que se tem aproveitado dos cargos para benefícios pessoais, mas o que todos desejamos e esperamos é que a justiça atue celeremente e com mão pesada e outros que eventualmente existam e ainda não apareceram, sejam denunciados e tratados da forma anteriormente indicada o mais rapidamente possível. Por uma questão de justiça, por um lado, e por outro, para que esse ónus não seja replicado sobre os muitos milhares que fazem um trabalho meritório, sem receberem nada de material em troca.

Quero também deixar claro que sou apologista da existência de dirigentes remunerados, tal como a lei contempla e exclusivamente em entidades cuja gestão e responsabilidade sejam de elevada complexidade. Entidades com orçamentos de diversos milhões de euros, com muitas dezenas e até centenas de funcionários, com centenas e ou milhares de utentes/clientes, não se compadecem com uma gestão apenas e exclusivamente voluntária, na larga maioria das vezes, geridas à custa de quase todos os tempos livres dos seus dirigentes. Começa a ser demasiada responsabilidade para serem geridas desta forma. É uma ideia que para mim não é nova e cada dia que passa acho que tenho mais razão. Deixo a ideia para debate e discussão.

No caso especifico das IPSS, com maior intensidade, mas em todas as outras também assim deve ser, os seus dirigentes e todos os trabalhadores devem ter sempre bem presente que estão ali porque querem, para trabalhar para a comunidade e se não estiverem bem cientes do espírito solidário da instituição, então o melhor é irem à vida deles e fazerem “voluntariado” ou irem trabalhar noutro sitio qualquer. Normalmente estas instituições ocupam-se maioritariamente da infância e especialmente da velhice, duas franjas da população muito sensíveis e no caso dos idosos, a sua maioria, muito desprotegidos. Quem em primeira linha os deverá proteger? A família claro, mas especialmente nos casos de utentes de IPSS, os seus dirigentes e funcionários. Gerir e trabalhar numa instituição destas, não é o mesmo que comprar ou vender batatas ou outro produto qualquer. Infelizmente essa sensibilidade nem sempre existe, ou a existir, não tem o grau que deveria ter.

Não raras vezes, assistimos a elogios fúnebres de elevada sensibilidade quando um qualquer idoso cliente destas instituições desaparece, mas depois percebemos que o maior elogio que a instituição lhe deveria ter prestado era em vida, tratando-o convenientemente e como ele merecia e a instituição a isso está obrigada. Quero com isto dizer e repetir, porque o tema é muito importante, que as IPSS são instituições de elevada sensibilidade, por diversas razões, mas especialmente porque lidam com uma franja da população muito frágil e desprotegida e que merece toda a atenção e todos os cuidados.

Quem não pensar assim e quem não atuar em sintonia deve, em minha opinião, procurar outro local para fazer voluntariado ou para trabalhar. Devendo a inspeção da segurança social, preocupar-se muito mais com estes temas do que com outros de muito menor importância, mas que na maioria das vezes consomem muito mais tempo do que este.

Por fim, uma palavra de grande apreço, para todos os voluntários deste país e para todos os que trabalham nestas instituições e agem, sentem e tratam os utentes como clientes muito importantes para a instituição, onde fazem voluntariado e se realizam interiormente, ou onde trabalham, e onde recebem o seu salário, pois são estes que lhe permitem obter esse conforto interior e que lhes pagam o salário.


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