Núcleo de Combatentes da Batalha

Notícias dos Combatentes

“Há, nos confins da ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar”

A frase em título terá sido proferida há mais de 2.000 anos pelo célebre imperador romano Júlio César, referindo-se aos Lusitanos, de quem nós, portugueses, nos reivindicamos como legítimos herdeiros.

A ser isto verdade, é extraordinário que, passados dois milénios, continuemos a manter esse ADN praticamente intacto, apesar da miscenização que por este território grassou, quer com os romanos quer com outros conquistadores que se seguiram, designadamente os visigodos e os árabes!

Com efeito, sem que necessitemos de recuar muito no tempo, basta atermo-nos ao nosso comportamento perante a pandemia que nos assola, para concluirmos que continuamos a não nos sabermos governar, nem a aceitar que terceiros nos governem.

Perante tal cenário, quase somos levados a concluir que a única fórmula capaz de nos manter na “linha” é o autoritarismo e a repressão, como ocorreu ao longo de quase toda a nossa história, com as sucessivas monarquias absolutistas. Quando, a estas, no 2º quartel do século XIX, sucedeu o liberalismo, a criação dos partidos políticos e o parlamentarismo, começou a anarquia e o descalabro, que só terminou pela força de uma ditadura de 48 anos, que substituiu a 1ª república (1910-1926).

Tal ditadura caiu em 1974 e, quando seria de esperar que “os ventos da história” nos tivessem ensinado o suficiente para vivermos em democracia com civilidade, tolerância e respeito pelos outros, infelizmente, não é isso que tem acontecido nestes já quase 47 anos decorridos; bem pelo contrário: a “chico espertice”, o insulto gratuito, a revanche, a inveja, a provocação, a irresponsabilidade e tantos outros defeitos do ser humano, parece ser o que mais ressalta no seio da nossa sociedade, conforme os exemplos com que todos os dias somos confrontados, até nestes tempos de pandemia, que mata centenas de portugueses diariamente, sabe-se lá quantos destes devido a tais comportamentos.

Em suma: não só continuamos a “honrar” os nossos antepassados lusitanos, como até há muito que os suplantámos, dadas as tais “qualidades” atrás enunciadas que, entretanto, adquirimos.

Mas não nos ficamos por aqui! Com efeito, se esta questão de não nos governarmos nem deixarmos governar tem a ver com o tal ADN herdado, este parece ainda ter-nos dado determinadas e especiais características, designadamente de uma rara estirpe de clarividência e inteligência, únicas entre os povos que habitam o planeta Terra. Se não, vejamos dois ou três exemplos:

1 – No futebol português, os milhões de adeptos da modalidade, além de quase todos fanáticos irracionais do seu clube favorito, são também os maiores experts na matéria, quanto a metodologias do treino, superando largamente, nas táticas e na técnica, qualquer treinador, seja de que equipa for;

2 – Na política e arte da governação, quase todos sabem mais que os que exercem o mister. Aliás, para os nossos milhões de experts, que são quase todos menos os que estão nesse exercício, os termos “político” e “governante”, são sinónimos de incompetente e corrupto. Todavia, dá-se aqui um paradoxo, quando tais sumidades não têm qualquer problema em reeleger políticos efetivamente corruptos, já julgados e condenados pela justiça, com argumentos de pasmar: tais políticos “governaram-se”, mas também fizeram “obra”; isto como se tal “obra” tivesse sido custeada por estes!

3 – Finalmente, a pandemia veio revelar-nos outra extraordinária faceta de milhões de portugueses! Também sabem muito mais de medicina que qualquer profissional da área, incluindo virologistas, epidemiologistas e afins, pois se não fosse a “incompetência” de toda esta “gentalha” provavelmente nem a pandemia, sequer, cá tinha chegado. E, então, relativamente, às atuais ministra da saúde e diretora-geral da DGS (isto para já não falar no “monhé” e no “celinho” …), para toda esta miríade de iluminados estamos perante o supra sumo da incompetência e nós, portugueses, temos tido tanto azar que a “velha” até apanhou o vírus e, para nossa desdita, nem este foi capaz de lhe “limpar o cebo”.

O responsável pelo conteúdo deste artigo só tem de se curvar reverencialmente, perante tantos e tão “sapientes” concidadãos! Mas, não raro, assalta-o uma dúvida: como é que esta ditosa pátria portuguesa, que tais filhos tem, ainda continua na cauda da Europa, em termos de desenvolvimento económico e social, literacia, riqueza média “per capita”, etc., etc.?

Por favor, caríssimos, não deixem que o bicho vos apanhe antes de serem vacinados!

 


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