A Opinião de André Loureiro
Presidente do PSD da Batalha
Há mais vida para além do mosteiro…
Está adaptação da conhecida citação atribuída ao ex-presidente Jorge Sampaio – “há mais vida para além do défice” –, resume o essencial do objetivo assumido pelo atual presidente da câmara Raul Castro, que no dia da sua posse afirmou a necessidade de o Concelho da Batalha deixar de viver “à sombra do mosteiro”.
Não podia estar mais de acordo. Tenho para mim que esta é uma velha sensação da generalidade da população do concelho, porquanto observa com alguma desconfiança o excesso do centralismo da despesa municipal em torno do monumento. Em contrapartida, todos sabemos, que das receitas de bilheteira relativas aos visitantes, apenas uma pequena parte é reinvestida na dinamização de atividade, conservação e funcionamento do mosteiro, como inúmeras vezes tem sido motivo de queixa dos sucessivos responsáveis.
Um facto também indesmentível é a escassez de atividades culturais e de dinamização turística descentralizadas nas diferentes freguesias, inclusive na freguesia da Batalha, que dispõem de lugares e tradições com enorme potencial turístico, o que em minha opinião justifica uma mudança na abordagem sobre o turismo local.
No quadro de dificuldade que representou a Covid-19 – e ainda representa – surgiu a necessidade de refletir sobre um novo modelo de desenvolvimento dos destinos turísticos. Neste particular, a resposta a esta realidade reside num modelo de crescimento do turismo, em que os destinos estarão comprometidos com a sustentabilidade, com a coesão territorial e social, com a inovação, com o empreendedorismo e com a valorização das pessoas.


Todos os indicadores turísticos apontam que este ano será possível regressar à normalidade, com perspetiva de crescimento. Acredita-se que a pandemia de Covid-19 estará ultrapassada e as pessoas vão sentir-se mais seguras para viajar e o ecossistema turístico recuperará, o que tornará possível alcançar resultados próximos dos registados em 2018 e 2019.
Ora para podermos “apanhar o comboio” do crescimento da atividade turística inclusiva e sustentável, temos de ser criativos e ambiciosos, apostar nas nossas maiores riquezas que são as pessoas, o património cultural e natural, e ainda algumas tradições únicas associadas a eventos religiosos. Também sabemos que as receitas do turismo, seja através de compras no comércio ou pela dinamização da hotelaria e restauração, são essenciais para a economia local e cujos efeitos devem ser partilhados pelas diversas freguesias.
Por isso, ultrapassadas as contingências da pandemia, devemos promover o concelho como um todo, divulgar as belezas naturais e valorizar a produção local. Cada vez mais, os turistas procuram destinos sustentáveis, reconhecem atividades de preservação e valorização das comunidades residentes, com destaque para a descoberta da gastronomia, da agricultura, do artesanato e da cultura. Perante esta realidade, mais do que nunca, devemos valorizar os destinos com percursos pedestres, promover iniciativas culturais como a “Aldeia Pintada”, no lugar da Torre, ou ainda divulgar a riqueza natural das Grutas da Moeda, entre outros pontos de interesse turístico e evento tradicionais que suscitam o interesse dos “novos” turistas.
O turismo de massas que visita o mosteiro e segue no mesmo dia para outros destinos, naturalmente que deve ser bem acolhido, mas não pode ser o foco porque apenas serve para estatística nacional. Segundo a Booking.com (abr’22), 56% dos turistas jovens pretendem que a sua estada seja sustentável e procuram por destinos que valorizem as comunidades locais. Em conclusão, para crescermos na área do turismo, não basta vender muitos ingressos para que o Mosteiro seja muito visitado, é preciso que haja mais vida no resto do Concelho da Batalha.
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