A Opinião de André Loureiro
Vereador na Câmara da Batalha
Governar ao contrário - um ano de mandato autárquico
No dia 16 de outubro assinalaram-se 365 dias da atual governação municipal na Batalha, conhecida como a Geringonça socialista e independentes. Um ano é tempo suficiente para perceber qual o rumo definido e, não menos importante, que mudanças foram efetivamente realizadas. Recorde-se que as expectativas eram elevadas, anunciavam-se alterações imediatas no urbanismo, com esta nova gente seria possível construir sem limitações em todo o concelho, prometia-se a captação de novos investimentos empresariais e a cereja no topo do bolo, a “Batalha seria de Todos”, ou seja, os munícipes seriam chamados a participar nas decisões municipais, naturalmente sob a liderança do Conselho Consultivo constituído pelas personalidades de valor da nossa terra. Lamento informar, caras e caros amigos, cada dia que passa fica mais claro a dimensão da desilusão e do logro que apresentaram aos batalhenses. Senão vejamos:
1 - Desde os primeiros dias da atual governação se percebeu que a prioridade era suspender ou mesmo reverter todos projetos que estavam em curso, independente do mérito ou financiamento assegurado. Foi assim com a residência de estudantes, ciclovia da Batalha e ecovia da Golpilheira, pavilhão de São Mamede, creche municipal na Jardoeira, reabilitação da Escola Cândido Encarnação, projeto de partilha de bicicletas elétricas, centro intermodal de transportes, no Largo 14 de agosto, e o projeto do novo arquivo municipal a desenvolver na Rua dos Bombeiros.
2 - Alguns destes projetos foram abandonados, o mesmo sucedendo ao projeto aprovado com apoio de 900 mil euros de fundos europeus para a reabilitação do Centro de Saúde da Batalha. Mais recentemente, soube-se que igual destino terá a sede do Julgado de Paz do agrupamento de concelhos da região de Leiria, a localizar no reabilitado Edifício Dr. Gens, na vila da Batalha, porque o espaço é preciso para a nova empresa municipal de águas e alojar a administração da futura Comunidade Energética da Batalha, entidades que vão criar mais alguns empregos públicos.
3 - Estas decisões representam para o município milhões de euros de prejuízo, não só em fundos europeus perdidos, mas em revisões de preços das obras suspensas sem critério e que acompanham a elevada taxa de inflação, para além de encargos para o futuro ainda por apurar com decisões como a criação de uma nova empresa municipal para as águas e as dezenas de novos empregos criados para a câmara, na sua maioria vindos de Leiria. Tantos que já não cabem no edifício sede do município e motivo para mudar a biblioteca municipal para o centro da juventude, o que levou à extinção daquele espaço de inovação e de apoio aos jovens empreendedores.
4 - Esta nova forma de governar ao contrário, ou seja, pela negativa, desfazendo tudo o que estava em curso, mesmo projetos que tiveram a sua origem e decisão na governação de António Lucas, quase todos aprovados pelo atual e anterior vereador Carlos Monteiro, é de facto a marca mais relevante da atual Geringonça que governa a câmara.
5 - Por fim, seria injusto da minha parte não referir algumas decisões relevantes do novo governo. Tivemos uma iluminação de Natal como nunca visto, um campo de futebol de praia de nível internacional e nestes dias foi inaugurado um novo monumento evocativo da forte tradição aérea do nosso município, um investimento de cerca de 10 mil euros que voaram rapidamente. Também nos licenciamentos urbanísticos foi possível legalizar algumas construções iniciadas sem licença e as alterações previstas no PDM vão resolver alguns problemas de conhecidos promotores, o que naturalmente é importante, mas não responde ao prometido licenciamento na hora.
Neste quadro, também não será uma surpresa para ninguém que os novos investimentos privados do grupo GLN, na Jardoeira, ou do novo supermercado LIDL, na Amieira, por exemplo, tenham decidido abandonar o concelho.
Nota importante para as alegadas dívidas da autarquia e as dificuldades financeiras que se anunciam todos os dias para justificar o fim dos apoios à creche das crianças ou o aumento dos impostos locais já em 2023. Neste particular, a narrativa não é novidade, foi assim nos primeiros mandatos de Raul Castro na Batalha e depois em Leiria nas críticas à gestão de Isabel Damasceno, ou seja, repete-se uma mentira várias vezes para justificar que o novo governo está inundado de dívidas, mas com mestria irá salvar a autarquia da bancarrota. Neste caso, o problema da narrativa é que as contas de facto estão equilibradas e os responsáveis financeiros da câmara são os mesmos há vários anos desde dirigentes até ao vereador em funções. Ou seja, todos sabemos que o argumento ajudou a ganhar eleições, mas a narrativa é um autêntico absurdo e insistir no erro apenas poderá conduzir à óbvia demissão dos atuais dirigentes.
Em conclusão, todos sabemos que em democracia cabe aos vencedores governar com as suas opções, mas também cumpre os governantes fazê-lo pela positiva, olhar para o futuro e em benefício do coletivo, não apenas do grupo de apoiantes. Estaremos atentos e expectantes aos próximos anos de mandato, num tempo talvez menos exigente face ao período da pandemia, mas igualmente desafiante. Votos de sucesso para a nossa Batalha.
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