Joana Magalhães
Pestanas que falam
À espera não se chega a lado nenhum
Este mês entreguei esta crónica com cinco dias de atraso. Podia ser falta de vontade ou falta de inspiração mas foi apenas falta de tempo. Desde a última crónica até agora comecei a trabalhar. Não, não é em jornalismo. Mas comecei a trabalhar, finalmente. E trabalhar consome tempo, obviamente, mas consome ainda mais energia. Energia e neurónios, que muito ajudam na hora de escrever este texto mensal, verdade seja dita.


Na próxima Quinta-feira (dia 19) faz um mês que comecei a trabalhar numa loja. Também faço anos nesse dia e perto dos 22 anos, licenciada e alguma experiência na minha área de trabalho, comecei a trabalhar numa loja. Há uma coisa que se ganha pelos lojistas logo nos primeiros dias de trabalho: respeito. Trabalhar numa loja não é só "arrumar roupa" e dizer "bom dia". Vai bastante além disso. É passar um dia inteiro em pé, a correr para atender o máximo de clientes possíveis e dar-lhes a melhor experiência de compras desde que entram na nossa loja até ao momento em que saem. E é sorrir sempre, independentemente do dia que estamos a ter (ou dos sapatos que escolhemos e que nos mordem os pés). Mas quando se chega a casa e se sentem aquelas dores nas pernas, nos pés e nas costas, essa é a melhor parte, porque prova que demos tudo o que tínhamos a dar naquelas horas de trabalho e não ficou nada por fazer. Claro que só damos tudo quando por detrás temos uma grande equipa, que eu também tive a sorte de encontrar.
Nunca me tinha imaginado nesta profissão. Mas gosto. Fala-se com muita gente e com muita gente diferente. Esse é o ponto comum com o que sempre foi o meu sonho, o jornalismo. Foi e é. Porque nunca se deixa de ser jornalista quando se nasce com a "doença". Mas esta pausa está também a permitir que conheça novos trabalhos e novas potencialidades que desconhecia. A vida é o que de mais imprevisível existe, a seguir a ela só mesmo as pessoas que nos rodeiam e depois delas, nós próprios, porque afinal também nós damos várias voltas e trambolhões até cair no sitio certo e encontrar o caminho. Às vezes o caminho vem ao nosso encontro. Outras vezes não. Mas à espera também não se chega a lado nenhum. Já aprendizagens, essas há em cada esquina e são sempre válidas e têm sempre valor. Agora tudo o resto, bardamerda (não me odeiem, eu também não estou a gostar da birra).
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