Ana Carolina Rodrigues
Médica Interna de MGF USF Condestável – Batalha
Envelhecimento e sexualidade
A esperança média de vida em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2011), é atualmente de 79,2 anos (â 76,1 anos e â 82,1 anos). De acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2015 e 2050, a população idosa deverá constituir 30-40% dos efetivos, o que significa que, pela primeira vez na História da Humanidade, o número de idosos no planeta excederá o de jovens.
Apesar do triunfo que o envelhecimento e o aumento da esperança média de vida e da longevidade da população representam, estes assumem-se igualmente como um desafio em termos das exigências que colocam. Assim, a sociedade terá de preocupar-se em não acrescentar apenas anos à vida mas acrescentar vida aos anos.
É certo que envelhecer é um processo fisiológico normal e não uma doença. No entanto, acarreta alterações físicas, cognitivas, psicológicas e sociais que devem valorizar-se. No fundo, deve sempre ter-se em atenção que SAÚDE é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades” (OMS).
A sexualidade é apenas uma das vertentes biológicas em que se sente o envelhecimento. Sendo esta uma dimensão tão complexa do ser humano, é afetada de diferentes formas pelo passar dos anos: no plano físico, com alterações da morfologia corporal (hiperplasia benigna da próstata, menopausa com atrofia e secura vaginais) mas principalmente no plano psicológico (perda de autonomia, solidão, défice cognitivo).
Todas as alterações físicas e psicológicas associadas ao envelhecimento podem ter influência na forma como os idosos vivem a sua sexualidade. A isto se aliam alguns mitos fortemente enraizados na sociedade: o natural termo da atividade sexual com a idade, a influência nefasta do sexo no estado de saúde, a conotação social perversa que tem o facto de a expressão sexual se manter.
Existe a ideia socialmente estabelecida de que a sexualidade é reservada à juventude e interdita aos mais velhos. Não é de todo realidade! A idade não é inevitavelmente acompanhada de disfunção sexual. Não existe um problema com a idade mas sim problemas que acompanham a idade. Não havendo doenças ou cirurgias prévias que comprometam fisicamente a função sexual, a sexualidade, do ponto de vista físico e mental, tem obrigação de se manter ativa e adequada.
Em suma, há que ter em conta que a população mudou as suas características e que o envelhecimento, tão marcado na sociedade atual, não pode de forma alguma limitar a vivência da sexualidade pelos mais velhos.
Foto: Francisco Osório
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