“É perfeitamente possível manter o crescimento registado no turismo”

Pelo segundo ano consecutivo, o cabeça de cartaz dos espetáculos é um estrangeiro. É um objetivo de transformar estas festas numa das mais importantes da região centro, ou mesmo de as internacionalizar?

Depois da experiência marcante nas Festas da Batalha de 2017, ao termos contado com o conceituado artista britânico Callum Scott, que fez a estreia em Portugal precisamente na Batalha, voltamos este ano a contar com um artista de renome internacional e bastante consagrado, como é o caso do Gabriel O Pensador. É uma aposta clara na componente da internacionalização das festas, associada, de resto, à necessidade nos darmos a conhecer a novos mercados. Neste aspeto, temos recebido milhares de turistas brasileiros, que nos procuram pela forte ligação afetiva e histórica existente entre os dois países.

 

Destaque um evento em cada uma destas áreas das festas: cultural, económica, sociale recreativa, e explique por quê?

Creio que o programa vale pelo todo. É um programa exigente, este ano com seis dias de festas, que junta o desporto, à cultura,mas também a internacionalização europeia da marca Batalha na componente da investigação e do conhecimento, à animação diversificada, ou ainda à promoção dos produtos endógenos de excelência.

 

Qual é o orçamento total das festas deste ano?

O orçamento global das festas da Batalha é de 150 mil euros.

 

Quantos visitantes são esperados no total dos cinco dias de festa?

Esperamos, atendendo à excelência e à diversidade dos artistas e das restantes atividades programadas, com mais de 50 mil pessoas ao longo dos seis dias dos festejos, bem assim, estamos certos, será possível recuperar o investimento com a dinamização da economia local.

 

Estamos na época alta do turismo. Quais são os indicadores até ao momento?

Continuamos a registar valores muito interessantes quanto ao número de turistas que visitam a Batalha, de resto em linha com o crescimento que o mosteiro tem registado, sendo o monumento fora de Lisboa, sob domínio da DGPC, que mais tem crescido no nosso país. Sinalizo também a alteração de paradigma quanto à nacionalidade dos turistas que nos visitam. Ao longo de muitos anos eram os turistas espanhóis quem mais visitava a Batalha. Agora juntam-se os franceses, brasileiros, norte americanos e os nórdicos, continuando, ainda assim, o mercado espanhol a ter a sua importância. Nesse particular, a estratégia de internacionalização e qualificação da oferta turística que apresentamos há cerca de quatro anos começa a dar resultados evidentes e está a transformar o paradigma do turismo local.

 

O combate à sazonalidade e o aumento do tempo de permanência dos turistas está a evoluir?

Tem estado a melhorar, o que se deve ao crescimento da capacidade do alojamento que hoje existe no concelho e, naturalmente, na própria dinâmica cultural que temos empreendido em parceria com outros destinos, seja a rede do património da humanidade, do ciclo de ópera ou ainda a forte dinâmica do Mosteiro da Batalha. Tenho afirmado muitas vezes que a Batalha é uma importante porta de entrada de turismo para toda a região centro e que os concelhos que integram este território devem aproveitar esses fluxos que são muito significativos. O puzzle que constitui a oferta turística não se compadece com as fronteiras administrativas. Ao turista, e especificamente ao segmento do turismo cultural, interessa ter motivos e património para desfrutar e conhecer, independentemente de estarmos a falar do concelho A ou B.

 

Em que medida é que as parcerias com entidades regionais, como o Turismo do Centro, tem aumentado a notoriedade do concelho e contribuído para a subida do número de turistas?

Tem contribuído sobremaneira para aumentar a notoriedade do concelho e do seu património, mas também, e não menos importante, para criar uma rede - um roteiro - que pela primeira vez se encontra bem alicerçado em torno do património de excelência e que une Alcobaça, a Batalha, Coimbra e Tomar. Para além das atividades que têm vindo a ser executadas ao abrigo do programa Lugares Património da Humanidade, existem outras iniciativas, ligadas por exemplo à hospitalidade dos locais ou a ações integradas em contexto do serviço educativo que são muito importantes e que contribuirão, estou certo, para a afirmação destes locais de excelência.

 

Qual o valor investido (e a investir) na área do turismo, incluindo espetáculos culturais e outros?

No caso das redes que o Município da Batalha integra associadas ao património, estamos a falar de uma verba próxima dos 300 mil euros, num horizonte de três anos. É um montante muito significativo de fundos europeus e sem o qual não era possível realizar iniciativas de excelência, que temos recebido, como o espetáculo de video mapping “A Luz do Mosteiro”, os concertos com Teresa Salgueiro e, mais recentemente, com Lloyd Cole ou mesmo os espetáculos de ópera, são alguns desses exemplos. Neste domínio, cabe ao município assegurar 15% dos valores investidos, o que representará um esforço financeiro de cerca de 50 mil euros, a que acrescem os eventos próprios como as Festas da Batalha ou a FIABA.

 

Além das festas de agosto, quais as iniciativas previstas para os próximos meses para ajudar a manter a atratividade e notoriedade do concelho?

Em setembro, de 20 a 23, contaremos com mais uma edição do programa Ópera no Património, com espetáculos gratuitos, à semelhança de 2017 e de grande qualidade artística, através da Orquestra do Norte. Contaremos também em setembro, no último fim-de-semana, com um programa televisivo, de expansão nacional, com transmissão em direto na vila da Batalha. Destaco ainda em setembro, a realização da tradicional procissão dos caracóis, no Reguengo do Fetal, uma das manifestações religiosas mais interessantes da nossa região. Até ao final do ano ainda teremos um ciclo de teatro, programas culturais dirigidos para os seniores, no âmbito da Academia Sénior da Batalha, e ainda um Natal animado para os mais jovens.

 

Há um crescimento sem paralelo do turismo na Batalha. Mas também é assim em todo o país. No caso da Batalha, no futuro, pensa que é possível manter esta tendência?

São os próprios especialistas que afirmam que é impossível manter a trajetória de crescimento do número de turistas que o nosso país vem conhecendo nos últimos 5, 6 anos. Não só concordo como é desejável que possamos estabilizar esses fluxos. Ainda assim, creio que no caso da Batalha é perfeitamente possível manter a tendência de crescimento que temos registado, colmatando essa tendência nos meses que  tradicionalmente são mais difíceis para este sector. Devo dizer que no caso da Batalha, os empresários ligados ao sector do turismo têm realizado um trabalho de grande valia, promovendo o território e idealizando estratégias que têm como objetivo combater a sazonalidade. Em minha opinião, na Batalha seremos sempre bem sucedidos se todos contribuírem para a qualificação da oferta turística em todo o concelho, seja na restauração, no turismo de natureza ou apenas através da nossa simpatia em acolher quem nos visita. Numa palavra, temos que continuar a fazer bem!


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