Álvaro José Silva

Médico Interno de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar USF Condestável, Batalha

A dor está nas nossas mãos

A dor define-se como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante à associada, a danos reais ou potenciais nos tecidos, podendo ser aguda, subaguda ou crónica. As diferenças entre estes tipos de dor vão muito para além da sua temporalidade, mas em qualquer uma das situações a sua avaliação inicial e contínua deve ser parte integrante da avaliação de qualquer doente.

A dor crónica define-se como uma dor que persiste para além do tempo normal de cicatrização do tecido, que se presume ser de três meses. Em Portugal calcula-se que um em cada três pessoas sofre com dor crónica, com interferência na atividade profissional em 49% dessas pessoas.

Ao contrário da dor aguda que tem um papel fisiológico, funcionando como sinal de alarme para lesão ou doença, a dor crónica não possui uma função protetora e, mais do que um sintoma, pode ser considerada uma doença.

A importância da dor está bem patente no facto de ela constituir o principal motivo para a procura de cuidados de saúde por parte da população em geral. Entre as principais consequências da dor crónica estão a incapacidade física e funcional, dependência, afastamento social, alterações na sexualidade, mudanças na dinâmica familiar, instabilidade económica, absentismo laboral, baixa produtividade ou desesperança.

O tratamento deve ser discutido com o seu médico de família e divide-se em medidas farmacológicas (com medicação), mas também em medidas gerais (não medicamentosas) que estão ao alcance de todos, como as seguintes:

Dormir bem (7-8 horas por dia)

Praticar exercício físico com regularidade, nomeadamente caminhadas

Praticar exercícios de relaxamento, como yoga ou pilates

Deixar de fumar

Controlar o peso com uma alimentação saudável e diversificada

Hidratar-se com cerca 1.5L de água por dia

Manter uma postura correta ao longo do dia

Ter tempo para as pessoas de quem mais gostamos, pois o bem-estar psicológico é essencial.

Não é admissível aceitar a dor, justificando apenas com a idade, portanto vamos todos prevenir o seu aparecimento com a ajudas destas medidas.

O controlo eficaz da dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes que dela padecem e um passo fundamental para a efetiva humanização das Unidades de Saúde. O objetivo principal do tratamento da dor crónica é diminuir a intensidade e a duração da dor, privilegiando a capacitação e a restituição da qualidade de vida das pessoas. Conte com a sua equipa de saúde para o seu cuidar, mas não perca mais tempo. Cuide de si!

 


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