José Travaços Santos
Baú da Memória
Dois bons presentes para os 900 anos de Portugal
Um povo sem orgulho da sua História é um aglomerado informe de gente desmotivada do trabalho por uma causa comum, como o da Pátria, sobrepondo-lhe os seus interesses individuais ou os dum grupo que lhos poderá satisfazer ou, pelo menos e o que é a realidade, criar-lhe a ilusão do que o fará.
Denegrir-lhe a memória histórica é hábil ardil de quem o quer dominar, o que se percebe facilmente: que povo se empenhará na tarefa colectiva de engrandecer o seu país se tiver a consciência pesada pelos actos condenáveis, ainda por cima empolados, dos seus antepassados? Que povo não se deixará dominar facilmente se se sentir diminuído e envergonhado por memórias infamantes?
Estamos a assistir à montagem de cenários inquietantes, no que diz respeito aos nossos Descobrimentos, desvirtuada já a intenção que presidia ou deveria presidir à criação de um grande museu que teria de ser de averiguação, de estudo e de tentativa de explicação do espantoso fenómeno de como um pequeno povo, então como agora dos mais pequenos da Europa, ainda a sair da Idade Média, consegue, antes de qualquer outro país europeu, tudo obra do seu génio e da sua criatividade, do seu esforço e da sua coragem, descobrir novos mares, novas terras, novos ventos e novas estrelas, adaptar, senão inventar, os navios que deviam sulcar o desconhecido, dar a conhecer meio mundo à outra sua ignorada metade e assim inaugurar, antes de mais ninguém, a Idade Moderna.
Sob o impulso dos nossos antepassados, tudo se desenvolveu: a navegação, a astronomia, a meteorologia, a construção naval, a cartografia, a geografia…
E o que está tragicamente a suceder com os Descobrimentos acontece com a Língua Portuguesa, desprezada pelos governos, pelas universidades e pelas academias, eivada de termos ingleses, que longe de a enriquecerem a empobrecem pela eliminação constante e crescente dos termos portugueses, tudo agravado por um equívoco acordo (?) ortográfico.
Recordo que no Brasil há dois museus da Língua Portuguesa e que em Portugal não há nenhum.
Seriam estes dois museus que constituiriam os presentes mais significativos para um país a completar novecentos anos de existência.
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