A Opinião de António Lucas
Ex-presidente do Município da Batalha
Despesa pública
Já ouvimos falar vezes sem conta de tempos de vacas magras. No entanto, ninguém se lembrará de um défice de 16,5% num trimestre e cuja redução vai demorar e ser muito dolorosa, para cidadãos e empresas.
Atendendo à crise mundial instalada e às múltiplas dúvidas sobre a ultrapassagem da pandemia e a retoma das economias, o cenário não é nada famoso, por mais otimistas que gostássemos de ser.
A economia é feita de ciclos de crescimento económico e de recessão, sendo o mais normal que quando um bloco está em crise, outros estão em crescimento e puxam pelo que está em crise, fazendo com que a recuperação seja mais rápida.
Ora a situação que verificamos atualmente contempla uma crise mundial, em que poucos são os países que estão a crescer, o que impede que puxem pelos muitos que estão em crise.
No caso de Portugal a situação ainda se torna mais complexa, uma vez que somos uma pequena economia, muito dependente de terceiros, por via das exportações e do turismo, sectores em crise absoluta e cuja recuperação se vislumbra muito complexa.


A pressão sobre o Estado é enorme, Estado este com uma dívida brutal, o que complica ainda mais a situação. Para os que defendem uma dívida alta, não fora a intervenção da União Europeia e estávamos na banca rota, sem apelo nem agravo. Sem ninguém disposto a emprestar-nos a não ser talvez com juros usurários.
Por outro lado, ainda estamos e continuaremos durante mais alguns meses anestesiados, por via da moratória sobre os financiamentos bancários e algum diferimento de pagamento de impostos. Vêm aí mais fundos comunitários, mas uma boa parte será a título de empréstimo, logo terão de ser paga.
Será tempo do Estado central e local serem mais bem geridos, racionalizando tudo o que for passível de ser racionalizado, para que existam meios para financiar a economia, responder às necessidades cada vez mais prementes do Serviço Nacional de Saúde e ajudar os cidadãos em maiores dificuldades. As necessidades de meios são maiores e a capacidade dos cidadãos e empresas para pagar impostos são cada vez menores. Ou o Estado se endivida ainda mais, o que tornará a dívida insustentável, ou cobra mais impostos a quem não os pode pagar. Resta assim, gastar melhor os parcos recursos existentes.
É tempo de imperar o bom senso e terminarem as megalomanias e despesismos que nunca deveriam ser aceites na gestão dos dinheiros públicos, mas neste tempo de vacas muito magras não serão aceites de forma alguma.
É tempo do Estado central e local se colocar mesmo ao lado dos cidadãos e das empresas, pois são estes os fatores chave para sairmos da brutal crise que temos pela frente.
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