A Opinião de António Lucas
Ex-presidente do Município da Batalha
Deselegância na política
Na passada semana [início de novembro] assistimos a ações do Presidente da República indicadoras que algo pode não estar muito bem para os lados do Palácio de Belém.
Uma delas, foi o cumprimento/puxão que deu ao fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, em pleno palco do evento. De tal modo forte que ia fazendo cair o interlocutor.
A segunda foi o enorme puxão de orelhas que deu em público à ministra da Coesão Territorial, sobre a aplicação dos fundos comunitários do PRR - Plano de Recuperação e Resiliência, como se dependesse apenas dela a boa aplicação dos fundos. Como diz o povo, "não havia necessidade".
Este tipo de atitudes, para citar apenas dois exemplos, não abonam muito ao comportamento do primeiro magistrado da nação.
Esperemos que com o avançar do tempo, a caminho do fim deste segundo e último mandato, estas situações não sejam replicadas. É claro que o Presidente não faz parte de nenhum órgão colegial e, assim, não tem de prestar contas a ninguém, nem de articular posições, indo ao encontro dos projetos previamente definidos com os restantes elementos da equipa.
Este é o único caso em que estas situações acontecem, porque em todos os restantes o líder/presidente representa órgãos colegiais aos quais tem/deve prestar contas e ser a voz desses órgãos.


Quero com isto dizer que os órgãos colegiais só funcionam se existir sintonia e articulação na gestão, levando em linha de conta a opinião de todos os que garantem as maiorias e votam em sintonia de forma a que os projetos sejam aprovados e posteriormente executados.
Quando apenas de um, ou de um número de elementos que não garanta a maioria, atuem como se fossem donos das opiniões dos restantes, no momento em que as vozes discordantes se cansarem, deixa de existir maioria e as condições de governação alteram-se profundamente. Por estas e outras razões, já assistimos a gente poderosa ficar sozinha e sem qualquer capacidade de atuação.
A boa gestão acontece quando se leva em consideração as diversas opiniões, retirando de cada uma o que tiver de positivo e melhorando ou até esquecendo a ideia inicial, se for o caso. Ou então a ideia inicial é tão boa que não mereceu qualquer tipo de crítica, podendo avançar para a sua realização, com a garantia de que é mesmo a melhor para o povo.
A democracia é tão só a inexistência de deselegância na política, é o respeito pelas opiniões e ideias positivas e que valorizem os projetos, acrescentando-as para os melhorar e para reduzir os gastos desnecessários ou que não potenciem o que é importante para os cidadãos.
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