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A descoberta que faz repensar os antepassados humanos

"Não consegui acreditar quando descobri o resto do crânio. Foi um momento-eureka e um sonho tornado realidade”, assim relembra o antropólogo Haile-Selassie Yohannes, do Museu de História Natural de Clevelan, de Ohio, nos EUA, quando reconheceu o significado do exemplar de crânio do ancestral do homem mais antigo até hoje encontrado.

O crânio foi descoberto praticamente intacto e foi identificado como o antecessor mais antigo da espécie Australopithecus anamensis (a espécie de hominídeo do género dos australopitecos mais antiga, que viveu entre os 4,2 e os 3,9 milhões de anos).

A espécie anamensis, foi descoberta em 1994, mas só mais recentemente é que cientistas lhe associaram um rosto. Assim desvenda a revista Nature, em dois artigos publicados em agosto de 2019, desvendando o mais antigo dos australopitecos.

Apelidado de MRD, o crânio foi descoberto em 2016, na região de Afar, na Etiópia, a 30 quilómetros do sítio onde foi descoberto, em 1974, o famoso fóssil da Lucy (um Australopithecus afarensis com 3,2 milhões de anos).

O MRD mostra que não há uma escalada linear de evolução até chegar ao homem moderno. Ele é, de acordo com revista Nature, "um ótimo complemento para o registo fóssil da evolução humana. A sua descoberta afetará substancialmente nosso pensamento sobre a origem do género Australopithecus, em particular, e sobre a árvore genealógica evolutiva dos primeiros hominídeos, em geral.”

Para determinar a idade do crânio recentemente descoberto, a equipa (antropólogos e historiadores) datou minerais das camadas de rochas vulcânicas próximas do sítio onde o fóssil foi encontrado. Chegou-se, assim, à conclusão de que o fóssil tem 3,8 milhões de anos, correspondendo à época do Pliocénico

O mais revelador da nova descoberta é que as duas espécies - anamensis e afarensis - coexistiram durante, pelo menos, 100 mil anos. Até esta conclusão, acreditava-se que o anamensis era o ancestral direto do afarensis, por sua vez o antepassado direto dos primeiros seres humanos do género Homo, que inclui todos os homens modernos.

Os peritos creem, portanto, que mais de uma espécie de hominídeos conviveu nesse período e que acabaram por se distanciar, de acordo com a passagem do tempo, desenvolvendo as suas próprias características.

Não temos – ainda -, no MCCB a réplica do fóssil descoberto, mas recordamos que todos podem conhecer mais de perto o afarensis, numa reprodução muito fiel ao que seria o crânio do primeiro pré-hominídeo descoberto.

Fontes: www.nature.com, https://observador.pt, Público (Edição 10.720, 29/8/ 2019, pp. 24-25). Errata do último artigo publicado (onde se lê 379 anos, deve ler-se 634 anos)

 

Na foto:

 

Crânio da espécie Australopitheus anamensis, descoberto na Etiópia, em 2016. Publicado na Revista Nature, a 28/8/2019. (Imagem de Omori/Clevelan, Museu de História Natural de Ohio, EUA)


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