Frederico Alfaro
Deixar que alguém decida por si!
Após o rescaldo de mais um ato eleitoral, e deixando a análise das vitorias e derrotas para os partidos e movimentos, cabe agora analisar um dado que teima em não diminuir.
Na abstenção, durante 43 de democracia, o valor mais baixo foi de 28,60% e o mais alto de 47,40%, e estas eleições registaram uma taxa de 45% (valores nacionais).
No dia das eleições todos os líderes políticos apelam a que os leitores exerçam o seu direito de voto - sim só no dia das eleições, pois passado esse dia o tema não volta a ser debatido nem analisado.
A mim custa imenso olhar para estes números e ver que nada é feito por parte dos partidos. Não me recordo que tenha existido alguma vez uma comissão parlamentar para debater este tema e definir estratégias para o combate a abstenção.
Mas para além dessas estratégias serem definidas e elaborado um programa de combate, cabe a todos nós analisarmos estes números.
Este valor tem uma dimensão maior quando se trata de eleições autárquicas, pois estamos a eleger o futuro presidente de câmara ou de junta de freguesia a quem podemos recorrer no sentido de resolver pequenos problemas do nosso dia a dia, da nossa rua, do lixo, entre muitos outros.
Alguns de vocês podem pensar que não exercer o direto de voto é uma ato de discordância de candidatos ou de políticas, não é verdade. A abstenção não revela nada, rigorosamente nada. A abstenção não é mais do que deixar que os outros decidam por nós.
O voto é um ato muito importante, podemos votar em alguém que achamos credível e competente, como podemos votar em branco - sim votar em branco é completamente diferente de não votar, o voto em branco pode e de ser bastante analisado.
Ora, agora façamos um pequeno exercício: nos resultados do dia 1, no nosso concelho, a abstenção foi de 42,96%. Num universo de 14.154 eleitores, 8.073 votaram, sendo que desses 532 votaram em branco. Analisando este resultado, aproximadamente 6.080 eleitores deixaram que os outros decidissem por eles e apenas 532 eleitores não consideraram qualquer candidato valido.
Como podem verificar, a abstenção não tem forma de análise nem de expressão, a abstenção não é um sinal de agrado nem de desagrado, a abstenção não é nada!
No próximo ato eleitoral vale a pena pensar nisto. Não deixe que os outros decidam por si. Vote, só assim poderá exprimir a sua opinião.
Cartas dos Leitores
Frederico Alfaro
Batalha
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