Álvaro José Silva

Médico Interno de Medicina Geral e Familiar da USF Condestável, Batalha

De volta à manjedoura com Covid-19

Segundo a tradição cristã, iniciou-se há mais de dois mil anos uma jornada difícil. Maria grávida, em cima do burro, guiada por José, percorreu um longo e difícil caminho. Chegados a Belém, as dificuldades não cessaram – precisavam de uma estalagem, mas não havia uma única vaga! A solução que arranjaram foi uma pequena manjedoura em que se aqueciam com a palha e com o calor dos animais. No entanto, foi naquele lugar singelo, simples e humilde que nasceu Jesus.

Passados dois mil anos, comemoramos esse dia. A celebração desse dia costumava ser com uma mesa farta, com mil e um presentes, ruas cheias de pessoas a correr de um lado para o outro na azáfama de preparar a melhor ceia de Natal.

No entanto, depois de todos estes meses tão difíceis, o Covid-19 circula na comunidade e exige o cumprimento escrupuloso de todas as medidas preventivas e de saúde pública que nos permitirão manter a esperança num futuro risonho.

Em primeiro lugar, limitar o número de participantes nas reuniões familiares ou evitar a visita entre amigos e familiares distantes podem, por exemplo, constituir este ano uma verdadeira demonstração de amor.

Antes das reuniões familiares, reflita no melhor local para as realizar dado que são preferíveis espaços abertos e bem ventilados, mantendo janelas e portas abertas. Não se esqueça de atribuir um espaço específico para os convidados deixarem os seus pertences pessoais e distribuir um saco de papel ou tecido de malha para que cada um possa manter a sua máscara em segurança.

Na preparação dos alimentos, limite as pessoas que circulam no espaço de confeção e idealmente devemos usar caixotes de lixo que não impliquem na sua abertura o toque com as mãos.

Durante o convívio, evite ter música de fundo para que não seja preciso gritar, falar alto e não haja tentação de criar momentos de canto em espaços fechados. Devemos exigir aos nossos familiares o uso de máscara, exceto a comer e beber, bem como todos devem lavar as mãos com água e sabão antes e depois de comer. Os participantes devem evitar contactos diretos, incluindo apertos de mão e abraços com outras pessoas que não sejam da casa, mantendo uma distância de segurança de dois metros.

É certo que vivemos momentos atípicos. Mas é no turbilhão de todos estes constrangimentos que temos a sublime oportunidade de refletir no quanto precisamos para reexperienciar a manjedoura em tempos de Covid-19.


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