Conceição Pires

Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da SPMI

Cuidados Paliativos para dignificar e melhorar a qualidade de vida de doentes e família

Celebra-se no próximo dia 8 de outubro o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. É uma iniciativa global WHPCD (World Hospice and Palliative Care Day) promovida pela WHPCA (World Hospice and Palliative Care Alliance), movimento dos Hospices e Cuidados Paliativos, que visa celebrar e apoiar a divulgação e implementação de Cuidados Paliativos no mundo.

Em Portugal várias entidades ligadas aos Cuidados Paliativos associam-se a esta efeméride, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, através do seu Núcleo de estudos em Cuidados Paliativos (NEMPal) associa-se também à comemoração deste dia.

Procuramos, a uma só voz, realçar o papel dos Cuidados Paliativos na promoção da autonomia e qualidade de vida de doentes e famílias que sofrem com doenças avançadas e progressivas, e lutar pelo acesso equitativo a este tipo de cuidados.

Os Cuidados Paliativos têm como objetivos de intervenção, dignificar a vida, procurando melhorar a qualidade de vida de doentes e famílias, através da prevenção e alívio do sofrimento, promovendo a máxima autonomia e procurando ajustar as intervenções às necessidades dos doentes.

Preconizam uma abordagem holística, o cuidado de corpo, mente e espírito, focando os aspetos físicos, mas também os aspetos sociais, emocionais, culturais, espirituais e intelectuais do cuidar, através de uma equipe interdisciplinar com treino adequado. São cuidados centrados no doente, baseados no respeito pelos seus valores e preferências, que fornecem acesso a informação clara e compreensível fomentando a autonomia na tomada de decisão e procurando dar resposta às necessidades de conforto físico e suporte emocional. Dirigem-se ao doente e à família, ao longo da evolução da doença, estendendo-se para lá da morte, no apoio ao processo de luto.

O mote do ano passado foi “porque todos importam”, não deixar ninguém para trás; reforçando a necessidade de acesso equitativo aos cuidados.

Os Cuidados Paliativos destinam-se a todos os que se encontram em sofrimento provocado por doença avançada, independentemente da idade, do diagnóstico, do tempo de vida, dos seus valores, credos e crenças, da cor da pele, da orientação sexual ou da localização geográfica.

Quer dizer, não são só para doentes de cancro, mas também doentes que sofrem com doenças crónicas, incuráveis e que limitam a qualidade de vida, como a Diabetes avançada, a doença cerebrovascular avançada, a insuficiência cardíaca, a insuficiência renal, a insuficiência respiratória, a demência avançada.

Não são cuidados alternativos às medidas dirigidas ao controlo da doença, pelo contrário, devem ser intervenções implementadas em articulação com tratamentos dirigidos a doença, ajustados e adequados, na justa medida do maior benefício para o doente e no respeito pelas suas preferências.

Não são só para os doentes que estão em processo ativo de morte, pelo contrário, quanto mais precocemente for identificada a necessidade de apoio, mais efetiva e eficaz será a intervenção, respeitando as preferências e objetivos do doente e família.

Não são só para os adultos, muitas crianças, adolescentes e jovens e respetivas famílias, vivem e lutam diariamente com doenças crónicas limitadoras da vida.

Não são só prestados em hospitais ou unidades de internamento, mas devem ser extensivos e extendidos, a todos os locais e “setings” onde estão os doentes, o domicílio, estruturas residência de idosos (vulgares lares), o ambulatório, o serviço de urgência, nas cidades, mas também nas aldeias, no litoral e no interior.

Este ano o tema sugerido pela WHPCD, é “Cuidar/curar corações e comunidades” (Healing Hearts and Communities), respondendo à necessidade de suportar todos os que experimentam a perda e luto, no mundo.

Num tempo pós-pandémico, que consubstanciou uma sobrecarga sobre os sistemas sanitários, e um sofrimento e sensação de impotência sem precedentes para os profissionais da saúde, associado a varias situações de conflito e guerra no mundo, particularmente para nós europeus (que não equacionávamos no nosso horizonte temporal essa possibilidade real), esta não poderia ser uma necessidade mais atual e premente, dar resposta e suporte á dor do luto e da perda de todos os que diariamente vivem a ameaça da perda real ou próxima de alguém significativo.

Não podemos ainda, deixar de, mais uma vez, unirmos a nossa, à voz de todos os que lutam pela promoção dos Cuidados Paliativos em Portugal, como a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), que vem desde há muitos anos desenvolvendo iniciativas várias, nomeadamente a divulgação do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos.

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) associa-se anualmente a esta campanha e este ano, dando seguimento a proposta da WHPCD tem o lema “A Tua Vida Importa-nos”.

A APCP, e citando, “entende que não há vidas que importam mais que outras, a dignidade e o respeito pela vida humana unem todos em compaixão, contribuindo para se apoiarem durante os tempos de maior dificuldade.”

Por Cuidados Paliativos de excelência, universais, acessíveis e equitativos.

 


NESTA SECÇÃO

Lançamento da Associação de Utentes da USF Condestável – “Batalha pela Saúde”

A nova Associação de Utentes da USF Condestável – “Batalha pela Saúde” foi lançada recenteme...

Centro Hospitalar de Leiria recebeu CIMRL e apoio ao plano de investimento

O conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) recebeu, no dia 20 de outub...

Joanetes mais comuns em pessoas que usam saltos altos

Os joanetes são também conhecidos como Hallux Valgus (HV), a patologia do pé mais comum na i...