A Opinião de André Loureiro

Presidente do PSD da Batalha

A crítica e o elogio

Todos conhecemos indivíduos definidos pelo egocentrismo, isto é, consideram-se o centro de referência para tudo. Para esses sujeitos só existe um jeito de fazer as coisas: o deles.

Tenho para mim que as pessoas conscientes são aptas a reconhecer as suas competências e fragilidades e a avaliar a seriedade dos julgamentos, próprios e alheios. Por outro lado, as pessoas desprovidas de autocrítica esperam elogios por ações triviais e por nada. Ressentem-se quando lhes apontam as falhas. Ofendem-se quando são contrariadas. Atribuem seus fracassos à inveja, não à falta de talento. E face à sua elevada autoestima, a crítica tem sempre um efeito arrasador.

Nos últimos tempos, como bem sabemos, exemplos na nossa vida local não faltam. Veja-se, por exemplo, a reação da atual maioria no executivo municipal quando vários sectores sociais e políticos questionaram sobre a prioridade em gastar recursos públicos na constituição de uma nova empresa municipal para gerir as águas do município ou, mais recentemente, na reação às críticas da decisão da ala socialista no governo municipal em acabar com a gratuitidade da creche no Concelho da Batalha, porque alegadamente a medida estava a beneficiar alguns “ricos” da Batalha – leia-se famílias que tenham um rendimento familiar per capita superior a 664,80€.

Desta forma, nesta visão da gestão camarária, criar mais uns empregos na nova empresa municipal ou gastar recursos públicos em tanques de areia para o “desporto de praia” na Batalha, são medidas de grande alcance social. Por outro lado, aumentar as tarifas da água ou acabar com o apoio à creche dos filhos das famílias remediadas, são opções de justiça social e que cumprem a velha máxima do comunismo: retirar aos ricos para poder distribuir pelos pobres. Apenas um alerta, estes indivíduos egocêntricos tendem a perseguir cargos de poder e, quando os alcançam, estabelecem um sistema de governança autoritário, baseado na falsa caridade que só esconde as suas torpes conceções do “quero, posso e mando”.

Feita a crítica aos novos camaradas da terra, segue-se o elogio à capacidade do atual presidente da autarquia, Raul Castro, em dar continuidade a projetos em curso no município da Batalha e, com toda a justiça, comprometer-se na resolução de um passivo ambiental que perdura na vila da Batalha há várias décadas, a requalificação das instalações devolutas no Instituto da Vinha e do Vinho, na Rua do Moinho da Vila. Trata-se de um processo difícil e que envolve o património do Estado, pelo que conseguir um acordo de direito de superfície a favor do município é um primeiro passo para valorizar aquele espaço nas margens do Rio Lena. Resta agora definir o projeto em concreto a desenvolver naquele local.

Em minha opinião, por tratar-se de uma área bastante sensível em termos ambientais, as ruínas de edifícios ali existentes deveriam ser demolidas e dar lugar a um espaço verde de fruição da população, em continuidade com a intervenção realizada no Parque dos Infantes. Sei que existem outras perspetivas, igualmente com o objetivo de regenerar aquele espaço, pelo que desde que sejam acautelados os valores naturais e o seu uso seja para utilização coletiva, será sempre um passo em frente na melhoria das condições urbanas da vila da Batalha.

Termino, pela positiva, como acho que sempre deve acontecer, desejando a todas e todos os batalhenses residentes e da diáspora, um feliz dia do Município da Batalha, com alegria e muita esperança num futuro melhor para todos.


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