Núcleo de Combatentes da Batalha
Notícias dos Combatentes
COVID-19? Guerra? Inflação? – Corações ao alto e viva a língua portuguesa!
Há mais de dois anos e meio que o Covid-19 nos inferniza a vida e, como um mal nunca vem só, eis que já este ano estamos a braços com mais dois flagelos: a guerra na Ucrânia e, derivada desta, uma inesperada inflação galopante que, entretanto, é bem capaz de nos atirar para mais uma brutal recessão.
Enfim, parece que cada vez temos menos motivos para andarmos otimistas, mas, no meio destas calamidades, também há gente incorrigivelmente otimista, que muitas vezes até nos consegue contagiar e fazer esquecer as agruras da vida, o que é sempre bom, ainda que não dure muito.
Todos nós sabemos que a língua portuguesa é deliciosa… ou traiçoeira, como alguns a consideram. Que cada um tire as suas conclusões, depois de apreciar o delicioso texto que se segue, escrito à base de expressões muito portuguesas, todas com um segundo sentido, postado no Facebook, por uma senhorita divertida, culta e carregadinha de imaginação. Apreciem, desfrutem, deliciem-se, e ao menos sorriam…
“Antes de ir desta para melhor, vou dar com a língua nos dentes e lavar roupa suja. Com a faca e o queijo na mão, com uma perna às costas e de olhos fechados, vou sacudir a água do capote. Ainda tirei o cavalinho da chuva, tentei riscar este assunto do mapa, mas eu sou uma troca-tintas; uma vira casacas e vou voltar à vaca fria. Andava eu a brincar aqui com os meus botões, a chorar sobre o leite derramado, com bicho-carpinteiro e macaquinhos na cabeça, quando decidi procurar uma agulha num palheiro.
Eu sei: eu não bato bem da bola, mas sentia-me pior que uma lesma e tinha uma pedra no sapato. O problema é que andava a bater com a cabeça nas paredes há algum tempo, com um aperto no coração e uma enorme vontade de arrancar cabelos. Passei muitos dias com cara de caso e com a cabeça nas nuvens, como uma barata tonta. Mas eu, que sou armada até aos dentes, arregacei as mangas e procurei o arquivo a eito.
Acontece que uma vez, em conversa com um amigo, ele disse-me “Tiras-me do sério” e eu, sem papas na língua, respondi: “Se te tiro do sério, deixo-te a rir, é isso?” Ele, de trombas e com os azeites, gritou a plenos pulmões: “Esquece, Maria. Escreves belissimamente, mas não conheces nem 1/4 das expressões portuguesas”.
Só faltou trepar pelas paredes. É preciso ter lata! Mas o primeiro milho é dos pardais. Primeiro pensei ter posto a pata na poça, depois achei que ele tinha acordado com os pés de fora e estava a fazer uma tempestade num copo-d’água e trinta por uma linha. Fiz vista grossa, mas depressa disse Ó tio! Ó tio. Abri-lhe o coração, o jogo e os olhos, na esperança de acertar agulhas e pôr os pontos nos “is”. Não lhe ia prometer mundos e fundos nem pregar uma peta; eu estava mesmo a brincar. Era um trocadilho. Pão, pão, queijo, queijo. Rebeubéu pardais ao ninho, fiquei com os pés p’rá cova, só me apeteceu pendurar as botas e mandá-lo pentear macacos, dar uma volta ao bilhar grande ou chatear o Camões. Que balde de água fria. Caraças, levei a peito! Aquela resposta era tão sem pés nem cabeça, que fui aos arames.
Eu sei que dou muitas calinadas, meto os pés pelas mãos e faço tudo à balda. Posso até ser uma cabeça de alho chocho e andar sempre com a cabeça nas nuvens, mas não ia meter o rabo entre as pernas, nem que a vaca tossisse. Pus a cabeça em água e fiquei a pensar na morte da bezerra. Caí das nuvens e, com paninhos quentes, passei a conversa a pente fino, não fosse ele dar à sola. Percebi que ele tinha trocado alhos por bugalhos, apeteceu-me cortar-lhe as vazas, mas estava de mãos atados e baixei a bola. Engoli o sapo, dei o braço a torcer e dei-lhe troco, com o intuito de descalçar a bota. Não gosto muito do vira o disco e toca o mesmo, mas isto já são muitos anos a virar frangos e pus as barbas de molho. Uma mão lava a outra e as duas lavam as orelhas, mas ele está-se nas tintas, à sombra da bananeira. Não deu uma mãozinha nem deixou-se comprar gato por lebre. Ficou com a pulga atrás da orelha e pôs-se a pau antes de estar feito ao bife. Pus mãos à obra, tentei fazer um negócio da China e bati na mesma tecla. Dados lançados, cartas na mesa, coisas do arco-da-velha. Claro que dei com o nariz na porta; o gato comeu-lhe a língua e saiu com pés de lã. Foi água pela barba! Devia aproveitar a boleia antes de ficar para tia, de pedra e cal onde Judas perdeu as botas. É que isto pode estar giro e estar fixe, mas não me apetece segurar a vela com dor de corno e dor de cotovelo, só por que não conheço 1/4 das expressões portuguesas”
Boas férias e não faltem às Festas da Batalha.
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