Joana Magalhães

Pestanas que Falam

Comprar carro, mudar de casa e... Ser adulto

Ultimamente tenho vindo a perceber que as conversas mudaram. Aliás, os temas de conversa que me rodeiam é que mudaram. Há um ano (na prática parecem dias) os diálogos giravam à volta de notas, cadeiras (da faculdade), horários de transportes públicos, a data do próximo jantar de curso, a próxima visita a casa ao fim de semana e tudo com uma pitada de cusquice sobre os colegas de turma. A maior preocupação era saber as perguntas da próxima frequência e entregar os trabalhos a tempo, coisa pouca aos olhos dos temas de conversa de hoje.

Hoje dou por mim e os discursos mudaram. Já não se fala de escola. Fala-se de trabalho. Fala-se muito de trabalho. E fala-se mal, sempre muito mal do trabalho. Porque o trabalho isto, e os colegas aquilo e os patrões aqueloutro. Quem nunca falou mal e muito mal do trabalho que atire a primeira pedra. Depois do trabalho vem o tema companheiros. São os namorados e as namoradas dos nossos melhores amigos que fazem sempre coisas tão boas e tão más. No entanto, é nos próximos assuntos que percebemos que "os tempos mudaram" e que, mesmo que os amigos sejam os mesmos, mesmo que o café seja o mesmo, nós estamos diferentes. É a conversa da compra de carro e de casa.

Eu quero comprar um carro e isso "é coisa de adultos", essa classe da sociedade onde rapidamente me vi inserida sem sequer me perguntarem se queria. Comprar carro é um ritual de passagem (?). Mudar de casa é outro e assim sucessivamente. Pelo menos, manda a "lei social" que assim deve ser. Mas como é que tão rapidamente as conversas com as amigas chegam aos planos de casamento de uma, à casa que a outra vai construir e ao IRS que já se vai fazer sozinha no próximo ano? As conversas mudaram e nós não pedimos, nem demos pela mudança. Somos adultos e agora?


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