Francisco Oliveira Simões
Crónicas do passado
Borg vs Mcenroe: ténis sob pressão
Em Lisboa uma plateia incomensurável enchia a antestreia do filme Borg vs Mcenroe, que será exibido por todo o país já neste mês. O Jornal da Batalha marcou presença e ouviu e viu tudo o que se passou neste momento memorável. O evento contou com o testemunho de duas lendas do ténis português e do jornalista Hugo Ribeiro, a voz característica que estamos habituados a ouvir nos relatos empolgantes dos Grand Slams transmitidos pela EuroSport. Hugo faz um retrato dos atletas e do que se sucederá no filme, analisando todas as circunstâncias políticas e sociais da década de 70.
José Vilela é um sábio campeão nacional de ténis, que nos brindou com as suas aventuras e contactos com grandes nomes internacionais do desporto. Falou do seu jogo contra Rod Laver, quando ainda era apanha-bolas, e contava apenas 12 anos de idade. Nessa altura oferecera uma garrafa de vinho do Porto à mulher do seu ídolo, o que acabaria por deixá-la a dormir, tais eram os vapores do néctar. Nos anos 70, José, fez a sua carreira e acompanhou de perto o jogo de Bjorn Borg e de John Mcenroe, de quem se diz bastante parecido no aspeto físico. Rui Machado, atleta que nos é muito familiar, referiu a história verídica da sua rivalidade frente a Frederico Gil, fazendo uma comparação entre a disputa de Borg e Mcenroe.


O filme aborda o confronto destes dois tenistas durante o seu primeiro duelo em Wimbledon, no ano de 1980. É-nos apresentada a infância de cada um, que se liga em diversas características e circunstâncias. Ambos sofriam uma pressão constante dos pais. Bjorn provinha de uma família pobre da Suécia, os seus pais desacreditavam dos talentos do filho, e o seu temperamento no ténis era tão agressivo que chegou a ser expulso da escola por diversas vezes. Mesmo assim, devido ao treinador que depositou todas as esperanças nele e o ensinou a controlar os sentimentos, conseguiu vencer o Roland Garros com apenas 17 anos, tornando-se no atleta mais jovem a vencer um Grand Slam. O papel do jovem Borg é interpretado pelo seu filho de 13 anos, Leo Borg. John sofria do mesmo mal no court, mas a família era abastada e exigia que o rapaz fosse o melhor em tudo, seja na resolução de cálculos absurdos ou na vitória frente a Bjorn Borg.
Vale a pena reparar no contraste abismal entre os dois em campo, pois tinham maneiras muito peculiares de jogar. Enquanto Borg controlava as emoções e focava toda a raiva em cada tacada de forma gélida, Mcenroe explodia e vilipendiava toda a gente em seu redor, seja o público, o árbitro ou o seu opositor. Conhecemos bem aquele momento em que começava a partir raquetes em pleno jogo. Estas atitudes valer-lhes-iam as alcunhas de IceBorg e Superbrat.
Com 26 anos Bjorn Borg desistiu de jogar ténis, afirmando que tinha deixado de apreciar cada partida como antigamente. Os dois rivais estabeleceram uma amizade tão próxima que John Mcenroe não hesitou em pedir a Borg para regressar ao circuito, pois sem ele o caminho estaria totalmente aberto para alcançar a glória. A lenda só voltaria a pisar os courts em 1991.
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