Francisco Oliveira Simões (Historiador)

Crónicas do passado

Batalha Símbolo de Portugal

- Faça-se erguer aqui nesta terra um mosteiro dedicado a Nossa Senhora da Vitória, padroeira da Ordem de Avis – com estas palavras o Rei Dom João I selava o destino da tão antiga e nobre Vila da Batalha.

Após a portentosa vitória portuguesa na Batalha Real, ou de Aljubarrota, a Batalha ficaria para sempre nas bocas do Mundo. Hoje o Mosteiro é Panteão Nacional, mas até chegarmos a este marco histórico a Vila passou por muito, gozando sempre da atenção e respeito da família real.

Tantas lendas encimam as armas que arvoram o nosso escudo. A mais famosa foi escrita por Alexandre Herculano, A Lenda da Abóbada.

Dom Manuel I daria o Foral à Vila da Batalha no dia 18 de Março de 1500, o mesmo ano da descoberta do Brasil.

A viagem à Batalha feita pelos príncipes e futuros reis Dom José I e Dom Pedro III, mostraria que a Vila sempre foi um local de passagem e reverência entre as figuras mais proeminentes da nossa História secular.

- Já vejo as torres do Mosteiro – dizia Dom José do alto da sua montada, apontando para o horizonte.

- Passaram-se quase quatro séculos e o legado do nosso ilustre avô mantem-se tão vivo como outrora – respondia Dom Pedro ao mirar a obra de tantos geniais arquitectos, de Afonso Domingues a Fernão de Évora.

Ao visitarem o monumento, sob a égide da Ordem Dominicana, sentiram a grandeza e imponência dos estilos gótico, manuelino e renascentista. O dia estava a escurecer naquela primavera de 6 de maio de 1744. Teriam que pernoitar pela Vila, mas isso não seria um problema para Suas Altezas. Aquando do seu encontro com o Alcaide de Leiria foi-lhes dito que seriam recebidos com pompa e circunstância na Quinta do Fidalgo, casa da sua família, os Barba Alardo. Manuel Correia de Mesquita Barba, cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor da Comarca de Lamego, receberia os infantes com uma ceia faustosa e dar-lhes-ia hospedagem. Como nos dá conta a inscrição na porta do solar.

A Batalha sempre soube acolher bem e condignamente todos os que a visitam, sejam eles reis ou poetas. A alma hospitaleira é assinalável com a chegada de todos os turistas, que vislumbram pela primeira vez a Vila que sempre nos enche de orgulho.

O Governo do Presidente Bernardino Machado escolheria o Mosteiro da Batalha para sepultar o soldado desconhecido, representante de todas as perdas portuguesas nos campos de batalha da Flandres, durante o decurso da I Guerra Mundial.

A Batalha é mais do que um simples local onde repousa um imponente e único mosteiro, é um símbolo do país e dos que deram, e continuam a dar, a vida por ele. Muitos perguntam como é possível esta terra dar tantos poetas, pintores e escultores ao Mundo, quando somos tão poucos. Não se consegue explicar este feito, mas talvez seja porque há séculos que aprendemos a estar em desvantagem.


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