A Opinião de André Loureiro

Presidente do PSD da Batalha

Alterações climáticas: pensar global e agir localmente

As alterações climáticas são já uma realidade muito próxima de cada um de nós. Hoje sabemos que as temperaturas estão a aumentar, os padrões de pluviosidade estão a mudar, os glaciares e a neve estão a derreter e o nível médio do mar a aumentar. Também é provável que a maior parte do aquecimento se deva ao aumento de gases com efeito de estufa nas concentrações atmosféricas em resultado das emissões provocadas pelas atividades humanas, bem assim, todos temos conhecemos exemplos próximos dos efeitos da poluição. Esta é uma verdade inconveniente que todos temos que reconhecer.

Ainda há poucos dias, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Eng.º António Guterres, afirmava que “as emissões globais de gases para a atmosfera estão a aumentar. As temperaturas estão a subir. As consequências já são terríveis para os oceanos, as florestas, os padrões climáticos, a biodiversidade, a produção de alimentos, a água, os empregos e, em última instância, para a vida, e deverão continuar a piorar”. “A ciência é irrefutável, mas em muitos lugares, as pessoas não precisam de tabelas ou de gráficos para se aperceberem da crise climática. Basta olhar pela janela”, acrescentava em artigo de imprensa o mais alto responsável da ONU.

Com efeito, esta dura realidade em torno dos efeitos das alterações climáticas encerra em si mesmo uma grave injustiça geracional, as gerações atuais através da sua ação sobre o planeta estão a comprometer a qualidade de vida dos jovens e sobretudo a condicionar as suas opções. Pelo que a urgência de medidas de mitigação dos efeitos das alterações climáticas estão na ordem do dia e integram as prioridades da generalidade dos governos mundiais, mas infelizmente ainda de uma forma insuficiente e até com sinais contraditórios.

Os efeitos climáticos resultantes dos 50 mil km2 que arderam este ano na floresta amazónica só na região do Brasil, a maior floresta tropical do mundo, ou os elevados níveis de poluição atmosférica na capital da India, Nova Deli, que atingiram níveis extremamente perigosos para a saúde e que levou o Governo local a decretar o estado de emergência por causa da poluição, são exemplos que comprovam a necessidade de medidas urgentes para mitigar as alterações climáticas. Também ao nível local e regional exige-se determinação na defesa do ambiente, com primazia para a prevenção e ações de mudança de comportamentos. Alguém tem dúvidas que a destruição pelo fogo do Pinhal de Leiria teve consequências na erosão e clima de toda a região envolvente? Ou, será possível que ainda haja responsáveis públicos que acreditam que a despoluição da bacia hidrográfica do Lis é possível sem resolver o problema dos efluentes das suiniculturas? Eu acredito que não, embora as evidências não ajudam esta minha convicção.

São estes e outros problemas ambientais que deveriam mobilizar vontades para efetivamente realizar as mudanças necessárias. Por cá, seria bem-avisado que, enquanto temos tempo, ao invés de nos ocuparmos com discussões políticas estéreis e no mero “bota-abaixo”, colocássemos o nosso território da maneira que mais nos interessa, e que pensássemos na sustentabilidade ambiental como um dever geracional. Já agora, e porque é um passo fundamental, que tal optarmos por meios de transporte mais sustentáveis? No Concelho da Batalha, a mobilidade suave e a construção de mais ecovias são uma realidade próxima e que mesmo contra algumas vontades, é mesmo uma aposta no futuro!

Recordando a conhecida expressão: “pensar global, agir local”? Significa que devemos estar atentos e conscientes do que acontece no mundo, mas a nossa atuação pode e deve ser no nosso meio, em nossa casa e no trabalho. Agindo localmente, conseguiremos influenciar comportamentos dos amigos, vizinhos, família e até, no meu caso, os adversários políticos mais resistentes aos valores ambientais.

 


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