José Travaços Santos

Baú da Memória

Ainda os nomes e origens dos Mestres Batalhinos

 

Boytac, depois aportuguesado para Boitaca ou Boutaca, não se sabe ainda qual era a sua nacionalidade embora seja credível a possibilidade de ser francesa. Como se viu, não há prova que o seu nome próprio fosse Diogo, aliás como a Huguet não poerá ser atribuído o nome próprio de David. Considerado de origem inglesa, hoje, principalmente depois do estudo exaustivo do professor francês Jean-Marie Guillouet “O Portal de Santa Maria da Vitória – Batalha – e a Arte Europeia do seu Tempo”, Colecção “Portugalia Sacra”, textiverso – 2011”, crê-se que seria catalão.

Chegamos assim à conclusão de que os aprendizes de História, como eu, têm imensa dificuldade em obter certezas sobre estes e tantos outros casos que respeitam ao nosso Mosteiro.

Há, porém, cada vez mais a certeza de que Afonso Domingues era português (talvez natural de Lisboa) e que foi o mestre que iniciou a construção do Mosteiro, tendo dirigido a obra até 1401 ou 1402 e falecido num destes anos. Dois documentos que Sousa Viterbo reproduz no 1º volume do seu extraordinário “Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses” comprovam-no sem sombra de dúvida. Porém, sabe-se hoje que a lenda que Alexandre Herculano com tanta beleza entreteceu nas suas “Lendas e Narrativas”, sobre a celebrada abóbada da Casa do Capítulo, não passou disso: apenas uma lenda. Em 1402 estava longe de se acabar o tecto desta importante sala conventual, glória que acabou por pertencer a mestre Huguet ou, talvez, ainda a outro mestre seu sucessor. Com certeza que a sepultura encontrada pelo mestre de canteiros Pedro Jorge Ribeiro, nos anos 20 do século XX, no meio da divisão seria de um dos priores do Convento batalhense e não de Afonso Domingues.

À volta deste e doutros, imensos, aspectos e dúvidas que temos sobre o nosso Mosteiro será bom fazer todas as perguntas razoáveis e tentar não deixar que se caia na comodidade do que está estabelecido e dado como definitivo.

O Mosteiro ainda tem muita coisa para nos surpreender e para nos deixar, também, maravilhados.


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